Em
setembro de 2016 terminei a primeira fase da série de artigos que tenho vindo a
apresentar sobre a Ilha do Corvo, neste prestigiado Blogue «BDBD», com o texto
que repito em baixo:
"Vão longos estes artigos, e a
história vai caminhando em direção ao final. Faltam-me desenhar em definitivo
pouquíssimas páginas, e agora a parte mais interessante será vermos as corvinas
e os corvinos com o livro já impresso nas mãos, onde descrevo uma das histórias
da sua Ilha, a que conta como os seus antepassados conseguiram sem armas
vencer os piratas, apenas com pedras. É o registo de um acto heroico que as
novas gerações precisam de saber e memorizar.
Voltamos ao contacto quando
isso acontecer, que presumo seja no início do próximo ano de 2017.
Não deixarei de vos informar
quando houver algo importante para assinalar.
Prometo.
Entretanto podem ficar a
conjeturar como será o fim desta aventura.
Um pouco mais de paciência".
E como o prometido é devido, aqui estou a
dar mais notícias deste trabalho aos fiéis leitores.
Tenho neste momento todas as pranchas
desenhadas em definitivo e só não mostro as últimas porque é de ética não
desvendar os finais de uma história antes da sua publicação. Mas podem observar mais algumas páginas
para a frente das que já viram antes.
Terminado
o desenho a preto e branco, iniciei o trabalho de dar a cor, que, como já vos
expliquei, faço presentemente através do Photoshop, com uma paleta criada por
mim, muito semelhante à das aguarelas que utizava antes.
Sou
de opinião de que a cor deve complementar o desenho a traço, sem no entanto abafar
o original a tinta-da-china, por isso continuo a utilizar cores «pastel»,
suaves e transparentes. O negro dos contornos tem de ficar bem visível.
O
colorido funciona assim apenas como um apoio, ajudando principalmente a
desligar planos, e para isso utilizo a técnica de envolver por vezes partes
inteiras do desenho em silhueta, numa mancha para definir rapidamente as
distâncias em perspetiva. Também uso este processo para destacar qualquer
pormenor que se encontre no meio da composição, e chamar a atenção do leitor.
Mas
neste artigo pretendo mostrar principalmente a evolução da criação da capa,
pois esta é a montra de qualquer livro, e é por essa via que o leitor ou as
pessoas que passam pela livraria se apercebem de uma nova edição e do que trata.
O
título ficara já definido com o Coordenador do Ecomuseu do Corvo, Eduardo
Guimarães. Programei que este precisava de ter em destaque «A Ilha do Corvo»,
pois quando alguém fizer uma busca sobre essa Ilha, o nome deste livro
aparece também.
No subtítulo um toque de mistério, que pudesse despertar nos jovens, corvinos ou não, a imaginação de uma aventura, afinal o verdadeiro objetivo desta Banda Desenhada. E como trata da defesa heróica dos ilhéus, do ataque dos piratas em 1632, acrescentei «Que Venceu os Piratas».
No subtítulo um toque de mistério, que pudesse despertar nos jovens, corvinos ou não, a imaginação de uma aventura, afinal o verdadeiro objetivo desta Banda Desenhada. E como trata da defesa heróica dos ilhéus, do ataque dos piratas em 1632, acrescentei «Que Venceu os Piratas».
Temos
portanto os ingredientes para despoletar o interesse em abrir o livro,
folheá-lo e ver o seu conteúdo.
Posto
isto, elaborei uma composição com os elementos referentes à história, a reação
dos ilhéus face ao ataque dos turcos, e como homenagem aos corvinos atuais que
tão generosamente se prestaram a servirem-me de modelo para as pesonagens.
Criei
então como que um colar de «pérolas humanas» com os rostos das principais
figuras da narrativa.
Fiz primeiro um esboço linear, à
semelhança do que fizera para toda a história. A cena do combate também foi bem
ponderada por mim, pois com a conjuntura mundial atual, não podia arriscar
criar algum mal-entendido com esta narrativa gráfica. Claro que o interior do
livro define bem que se trata de um episódio histórico do século XVII, mas quem
vê apenas a capa, de passagem, pode não se aperceber desse pormenor. Não podia
expor a Ilha do Corvo a essa apressada crítica.
Assim exemplifiquei a defesa dos ilhéus
atirando pedras ao inimigo, sugerido pelas naus dispostas no horizonte e das
barcaças que desembarcam os atacantes.
Chegado a esta composição que considerei
harmoniosa, passei à fase seguinte, com um esboço mais definido.
Como sempre gostei de trocar impressões
com as pessoas interessadas nas obras que realizo, enviei para o Eco Museu do
Corvo, para apreciação do seu Coordenador Eduardo Guimarães.
Este observou com cuidado o rascunho e
sugeriu que incluísse a imagem da Santa, que o vigário levara em procissão
sobre a falésia, para proteção dos corvinos que estavam sob fogo dos piratas.
Como no geral a capa estava aprovada nos
outros elementos, avancei para o desenho definitivo incluindo o pormenor da
presença da Santa dos milagres, que coloquei no centro da composição.
Também o título já definido, com a cor
sugerida embora ainda sem o colorido final.
Resolvi completar com a cor o conjunto da
proposta de capa, para que esta fosse apresentada na Ilha do Corvo e apreciada
e criticada pelos corvinos e corvinas.
A emoldurar o título, nuvens ameaçadoras
de tempestade e no meio um halo como que o sol tentando romper, filtrado por um
nevoeiro denso.
Nas figuras do colar humano, que
correspondem aos rostos das corvinas e corvinos que posaram para mim e entram
na narrativa, dei um toque de cor neutra, apenas para criar luzes de uma
claridade difusa.
O céu vai aclarando na madrugada em que
os piratas surgiram à vista da Ilha.
O tom escuro dos fatos dos defensores,
mistura-se com o sóbrio ambiente da paisagem onde se vê a falésia abrupta sobre
o mar.
Parece-me ter criado o dramatismo que
está presente no episódio que marcou os habitantes da Ilha do Corvo em 1632.
No Corvo, o Eduardo Guimarães pôs a capa
acabada à consideração da população, bem como do Presidente da Câmara, e deu-me
já a resposta positiva dessa consulta. Caso houvesse alguma sugestão, teria todo
o gosto em faze-la.
Em princípio será esta a cobertura do
livro a sair neste trimestre, como está previsto.
Falta-me colorir apenas nove pranchas, o
que terminarei dentro em muito pouco tempo.
Voltaremos ao contacto, logo que tenha
mais novidades para vos dar.
Até lá desejo-vos boa leitura de
Histórias em Quadrinhos, principalmente portuguesa.
José Ruy
Janeiro 2017
Caro José Ruy,
ResponderEliminarFoi com bastante agrado que li este seu mais recente artigo sobre a feitura do livro "A Ilha do Corvo que venceu os Piratas".
Normalmente estarei presente na ilha do Corvoem finais de Maio. Gostaria pois de saber se uma apresentação do livro està prevista no Eco Museu do Corvo. Cumprimentos, Mario Lisboa