Há clássicos literários de alta honra que se fixam indelevelmente através dos tempos para a Humanidade. Por aqui, a Banda Desenhada tem feito sedutoras adaptações, o que não acontece (nem por sombras!) nas adaptações ao Cinema.
E assim surge hoje uma breve série de posts sobre este tema. A ideia é, com raro texto e mais ilustrações, comparar positivamente os estilos de cada desenhista (os que forem viáveis de exemplificar) por um certo e determinado clássico literário. Todavia, neste nosso tema, só figurarão obras onde também se inclua, pelo menos, um desenhista português, ficando de fora determinadas obras de Jules Verne, pois tal é demasiado extenso...
De qualquer modo, não se trata de indicar que este desenhista é melhor que aquele, mas apenas informar culturalmente, os estilos de cada artista ante o registo gráfico deste ou daquele notório texto. Valeu?
No final de cada post, teremos o parágrafo “Rodapé”, onde mencionaremos as adaptações respectivas ao Cinema e à Televisão, como simples achega de curiosidade. Começamos, pois, por um belo clássico brasileiro: UBIRAJARA.
José de Alencar (1829-1877) |
Cativante romance localizado na Amazónia antes da chegada dos portugueses a tais regiões, relata empolgantemente os hábitos e costumes de vários povos ameríndios dessas geografias exóticas, onde não falta o enredo de amores e de bravuras guerreiras.
O autor, José de Alencar (1829-1877) teve uma vida agitada e polémica. Mas tem romances famosos. Para além de “Ubirajara” (1874), salientamos “O Guarani” (talvez o mais célebre e mais belo, adaptado várias vezes à BD, ao Cinema, à Televisão e à Ópera), ”Iracema”, “As Asas de um Anjo” (teatro), “O Tronco do Ipê”, “Til”, etc, etc. Em devido e breve tempo, tornaremos aqui a José de Alencar.
Em 1952, a extinta editora brasileira EBAL, na colecção “Edição Maravilhosa” #57, publicou “Ubirajara” via 9.ª Arte, pelo encantador e cuidado talento do haitiano André Le Blanc, que viveu vários anos no Brasil.
"Ubirajara" por André Le Blanc, in "Edição Maravilhosa" #57 (Ed. EBAL, 1952)
Em 1956, o português José Ruy (com guião de Maria Fernanda Pinto), ousou (e muito bem!) a sua versão BD para o “Cavaleiro Andante” dos n.ºs 210 ao 229.
Mostrar homens e mulheres quase nus terá sido nessa época em Portugal, um atrevimento... Mas a imbecil Censura deixou “escapar”, talvez porque os personagens eram... “selvagens”.
Entretanto, a extinta editora Futura, publicou em 1982, esta versão de “Ubirajara”, via álbum...que se encontra esgotado.
"Ubirajara", por Maria Fernanda Pinto (argumento) e José Ruy (desenhos),
in "Cavaleiro Andante" #210 a #229 (1956)
Entretanto, a extinta editora Futura, publicou em 1982, esta versão de “Ubirajara”, via álbum...que se encontra esgotado.
"Ubirajara", por José Ruy, in "Antologia da BD Portuguesa" #1 (1982)
Rodapé: no Brasil, em 1919, Luiz de Barros, realizou o filme com este homónimo título. Em 1975, também no Brasil, André Luiz Oliveira, realizou “A Lenda de Ubirajara”.
Agradecemos a colaboração e o apoio dados para este post, por Carlos Gonçalves e José Ruy.
LB
Mais uma excelente (nova) rubrica a destacar na programação do BDBD, com referência a notáveis trabalhos de André Le Blanc e sobretudo de José Ruy, que teve no Cavaleiro Andante um dos seus períodos de ouro... Quanto à reedição de "Ubirajara" na Antologia da BD Portuguesa (para a qual José Ruy realizou uma nova e magnífica capa), refiro que foi o volume inaugural e não o nº 2, como figura na respectiva legenda. Mesmo a preto e branco, a sua versão da novela de José de Alencar é um regalo para os olhos e para o espírito. Talvez por isso é que a censura foi tão branda (risos...)!
ResponderEliminarParabéns ao Luiz Beira por mais esta boa ideia e cá fico a aguardar, com muito interesse, os próximos artigos sobre o tema.
Abraços para a equipa,
Jorge Magalhães
Caro Jorge.
EliminarObrigado pela sua correcção, sempre oportuna. O erro foi meu, apesar de na capa estar bem vincado que se trata do #1 e não do #2 dessa estupenda colecção que o Jorge coordenou na Futura. A minha vista está cada vez pior mas isso não pode justificar tudo. :)
Obrigado, também, pelos elogios merecidos ao texto do Beira (embora, como colega de blogue, a minha opinião seja um pouco suspeita).
Temos mais uns quantos textos em agenda prontos a sair, com obras que, por certo, o Jorge admira. É questão de aguardar mais uns dias...
Um grande abraço
Carlos Rico
Caríssimo Jorge
EliminarOs teus sempre amigos e incentivantes comentários, dão-nos sempre boa e grande força para os trabalhos no blogue.
Se a ideia para esta rubrica, que não será muito longa, foi minha (calhou!...), o brilho da sua apresentação no post deve-se ao empenho incontestável do Carlos Rico, verdade seja dita.
Aquele abraço
Luiz Beira