sábado, 18 de abril de 2015

LITERATURA E BD (7) - CAMILO CASTELO BRANCO

Camilo Castelo Branco (1825-1890)
Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco, nasceu em Lisboa a 16 de Março de 1825 e, vencido por doenças, sobretudo a cegueira, suicidou-se a 1 de Junho de 1890, em São Miguel de Seide (Vila Nova de Famalicão).
Recebeu o título de 1.º Visconde de Correia Botelho pelo rei D. Luís.
Pela sua vida rocambolesca por muitos amores, o caso mais sério (e devidamente correspondido) foi com a casada Ana Plácido, que lhe valeu ser encarcerado na Cadeia da Relação do Porto, onde conviveu com o famoso José do Telhado e onde recebeu a visita do jovem rei D. Pedro V, que muito o admirava.
Em 1869 recebeu do governo de Espanha a Comenda Carlos III.
Conviveu, nem sempre amigavelmente, com grandes vultos literários da sua época como Alexandre Herculano, Eça de Queiroz, João de Deus, Almeida Garrett, António Feliciano de Castilho, etc.
Casou com Ana Plácido quando esta enviuvou de Manuel Pinheiro Alves.
Foi romancista, cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor.
Dos seus muitos romances, salientam-se os títulos “Anátema”, “Maria Moisés”, “Amor de Perdição”, “Memórias do Cárcere”, “A Queda de um Anjo”, “A Doida do Candal”, “O Retrato de Ricardina”, “A Viúva do Enforcado”, “A Brasileira de Prazins”, “Eusébio Macário”, “A Filha do Regicida”, “O Livro Negro do Padre Dinis”, “Novelas do Minho”, etc.
Pois à Banda Desenhada também a sua obra chegou, embora com pouquíssimos exemplos:

No Brasil, com arte de Gil Coimbra, foi adaptado o romance “Amor de Perdição”, que é o #62 Extra da colecção “Edição Maravilhosa” pela EBAL.
"Amor de Perdição", por Gil Coimbra, in "Edição Maravilhosa" #62 Extra, EBAL (1953)

Em Portugal, deparámos com dois excertos (“Uma Flauta na Noite” e “Camilo e o Barbeiro”) de “Memórias do Cárcere” que, pressupomos, são da autoria de Amadeu Escórcio...
"Uma flauta na noite" e "Camilo e o Barbeiro", por Amadeu Escórcio (1991)

Por sua vez, Fernando Santos Costa, para o jornal “O Crime”, elaborou uma prancha onde figuram Camilo Castelo Branco e José do Telhado.
Santos Costa (in jornal "O Crime")
E Santos Costa adaptou também “A Viúva do Enforcado” (Edições Época de Ouro”, de Carlos Costa) para um álbum produzido em 2003 pela Câmara Municipal do Fundão.
"A Viúva do Enforcado", por Santos Costa (Edições Época d'Ouro"/Câmara Municipal do Fundão, 2003)

A obra valorosa e imensa de Camilo Castelo Branco (tal como a de Eça de Queiroz) merece bem mais atrevimento da parte dos nossos desenhistas. Quem terá a ousadia e o talento para tal?

Rodapé: É difícil conformar-nos que a vida e exemplos da tão extensa obra de Camilo Castelo Branco tenham sido tão pouco aproveitados pelas artes cénicas (excepto os seus textos teatrais)!... Salientemos...
Em 1990, sob texto de Luiz Francisco Rebello, Herlander Peyroteo realizou para a RTP, o teledramático “Todo o Amor é Amor de Perdição” ou “O Processo de Camilo”.
Ainda para a TV, Victor Manuel realizou, em 1989, “Ricardina e Marta” (juntando as obras “O Retrato de Ricardina” e “A Brasileira de Prazins”).
Walter Avancini realizou em 1993, “A Viúva do Enforcado” e, em 2007, sob direcção de Aimar Labaki, foi realizada a telenovela luso-brasileira “Amores Proibidos”, que juntava as obras “Amor de Perdição”, “Os Mistérios de Lisboa” e “O Livro Negro do Padre Dinis”.
Houve ainda uma série brasileira, em 1965, versando “Amor de Perdição”, da qual desconhecemos o nome do realizador.
Para o Cinema, temos: em 1992, “O Dia do Desespero”, por Manoel de Oliveira, e, em 2010, “Mistérios de Lisboa”, por Raúl Ruiz.
É no entanto o romance “Amor de Perdição” que mais tem sido usado e abusado pela 7.ª Arte, já com sete adaptações, por Francisco Costa (1914), José Vianna (1918), George Pallu (1921), António Lopes Ribeiro (1943), Jaume Picas (1973, Espanha), Manoel de Oliveira (1979) e Mário Barroso (2008, numa adaptação livre e actualizada).

Nossos agradecimentos aos apoios prestados por Carlos Gonçalves, Américo Coelho, Fernando Santos Costa, Carlos Costa, Geraldes Lino e Câmara Municipal do Fundão.
LB

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