sábado, 15 de abril de 2017

HERÓIS INESQUECÍVEIS (46) - ALIX

O jovem e corajoso Alix Graccus é gaulês de origem, mas cedo foi  adoptado por um rico cidadão de Roma, Honorus Galla.
Pela arte e saber de Jacques Martin (1921-2010), Alix nasceu na edição belga da revista “Tintin”, a 16 de Setembro de 1948.
Na edição portuguesa desta mesma revista, estreou-se a 11 de Agosto de 1973.
Alix e Enak
Herói de uma longa e popular série de empolgantes aventuras, cedo tem como seu inseparável amigo o jovem príncipe egípcio EnakA ambiguidade desta íntima amizade jamais foi confirmada ou negada por mestre Jacques Martin.... E isso pouco importa! O que interessa, isso sim, é o deslumbramento da reconstituição dos usos, costumes e arquitectura dos territórios por onde Alix vai passando. Às vezes, apenas para marcar como então funcionavam tais nações, como por exemplo, em “O Imperador da China”. E Alix e Enak só lá “estão” pela liberdade criativa e imaginativa que a Banda Desenhada permite.

Ao fim de uma boa dose de álbuns, Martin (por problemas de visão) fez-se substituir, na respectiva arte gráfica, por discípulos ou amigos seus: Rafael Morales, Marc Henniquiau, Cédric Hervan, Christophe Simon, Ferry e, mesmo após o seu falecimento, a série continuou com Marco Venanzi, Mathieu Barthélemi, Marc Jailloux, Véronique Robin e Corinne Billon. E até, com novos argumentistas: Michel Lafon, François Corteggiani, Geraldine Ranouil, Mathieu Breda e Pierre Valmour.
Exemplarmente, Jacques Martin sempre afirmou que as suas séries deveriam continuar após a sua morte. E continuam!...

Entretanto, havia já surgido uma preciosa e didáctica série (sem BD, apenas com textos históricos e belíssimas ilustrações soltas): “Les Voyages d’Alix”... sem qualquer álbum em edição portuguesa!... Coisas do nosso lamuriento Fado!
Pormenor de uma página de "Les Voyages d'Alix"
E também, por nobre gesto das Éditions Casterman, surgiu uma espantosa série paralela: “Alix Senator”. Aqui, Alix, já cinquentão, é senador em Roma (agora sob a regência do imperador Augusto). Enak, aparentemente, está desaparecido no Egipto. Alix, em Roma, zela pela educaçã de seu filho Titus e do filho de Enak, o jovem rebelde Khephren...
Uma majestosa série com argumentos de Valérie Mangin e arte de Thierry Démarez. Claro, sem edição em português. Que birra a da miopia das editoras portuguesas!...

Todavia, da série “Alix”, a maioria das suas narrativas foram editadas entre nós, na versão álbum, primeiro pelas Edições 70 e depois, pelas Edições Asa, em parceria com o jornal "Público". Mas não vemos, nem com um eventual pó a servir de patine, tais álbuns nas prateleiras das nossas livrarias que expõem e vendem Banda Desenhada!... Ele há coisas!...

Alixna zona francófona, tem sido devidamente homenageado na Escultura e na Filatelia e, quiçá, na Pintura.
Estátua de Alix, pelo
escultor Jean-Paul Réti (1984)
Mas, sobre Alix e Enak, há mais:
1 - Os quatro romances, editados pela Casterman, com texto de Alain Hammerstein e ilustrações de Jean-François Charles: “Alix l’Intrépide”, “Le Sortilège de Khhorsabad” (inédito), “L’Ombre de César” (inédito) e “Le Sphinx d’Or”.
2 - Em 1998, uma série de animação, editada por Carrière-Projet Films-Sipec-Videal, para o canal francês FR3 e o alemão Tele Müchen.
3 - Em 1999, foi realizada com produção francesa, uma série de animação sobre o universo de Alix.
A série “Alix” tem duas séries fortemente concorrentes: “Murena” e “As Águias de Roma”. Cada uma no seu estilo construtivo, todas têm o seu imenso valor!
Desses tempos de antanho, em que tantos povos sofreram o “esclavagismo do Império Romano”, o herói-BD Alix é, sem dúvida, incontornável.
LB
Jacques Martin junto ao busto de Alix
"O Príncipe do Nilo", in revista "Tintin" #23 (25.10.1975)
"O Espectro de Cartago", in revista "Tintin" #30 (10.12.1977)
"Alix, o Intrépido", in revista "Tintin" #17 (5.9.1981)


Primeiro episódio de uma série de animação
com Alix como protagonista (1999)


O inacreditável encontro de Rastapopoulos com Alix e Enak,
numa homenagem a Hergé em "A Suivre" (Abril de 1983)


Alix foi várias vezes capa de revistas BD

quarta-feira, 12 de abril de 2017

NOVIDADES EDITORIAIS (116)

BIG BANG SAÏGON - Edição La Boîte à Bulles. Autores: Hugues Barthe e Maxime Péroz.
Enfim, uma nova obra de Hugues Barthe, desta vez essencialmente como argumentista, baseando-se nas viagens que seu amigo e colega, Maxime Péroz, fez em tempos ao Vietname.
Uma linda e intensa história de amor (e não só...), entre um jovem francês e uma jovem japonesa, que se conhecem e apaixonam perdidamente em Saigão (hoje, Cidade de Ho Chi Minh): Maxime Akiko.
Um belo enredo que é um hino à vida, pleno de muita sensualidade.
Um grande aplauso a esta parceria de autores!

LES OISEAUX NOIRS / 1 - Edição Dupuis. Argumento de  Jean-Michel Charlier, agora retomado e concluído por Frédéric Zumbiehl e Patrice Buendia, com arte de Francis e Frédéric Bergèse.
Comemorando os 70 anos de aventuras, o famoso trio de destemidos aviadores Buck Danny, Sonny Tuckson e Jerry Tumbler está de volta para uma narrativa que terminará no próximo álbum.
Animada aventura de guerra e espionagem, onde não faltam bons momentos de humor com as trapalhadas de Sonny Tuckson.

LE TROISIÈME MAGICIEN - Edição Dargaud. Argumento de Raule e arte gráfica de Juan Luis Landa.
“Le Troisième Magicien” é o segundo tomo da série “Arthus Trivium”.
Muito mistério e muita luta ante ameaças terríveis. O famoso profeta Nostradamus e os seus três discípulos guardam as portas do Inferno, seladas para a eternidade... Porém, nesta situação avizinham-se tempos de vingança e épicos combates, onde Nostradamus e seus três seguidores, vão ter de recorrer a artimanhas e à força bruta para vencer as hordas de mortos-vivos, desejosos de devorar a tenra carne do jovem rei Charles IX...
O terror, a magia e a brava luta numa obra de peso.
LB

domingo, 9 de abril de 2017

TALENTOS DA NOSSA EUROPA (19): KAS (Polónia)

Kas
Tem um nome um tanto difícil de se pronunciar, Zbigniew Kasprzak, e por isso, ele optou por assinar os seus trabalhos apenas como Kas.
Nasceu em Cracóvia a 13 de Março de1955.
Cursou na Academia de Belas Artes na sua cidade natal.
Para além de se dedicar à Banda Desenhada e a outros tipos de ilustração, é também pintor e caricaturista.
Foi premiado pela primeira vez, em Lodz (Polónia, 1977) e em Sierre (França, 1988), onde conheceu o seu conterrâneo Grzegorz Rosinski, de quem se tornou amigo e, de certo modo, parceiro. Voltou a receber mais honrosos prémios em eventos similares.
Em 1993, com a esposa e os seus três filhos, foi residir para a Bélgica, onde se lançou internacionalmente, sem nunca deixar de colaborar graficamente e em diversas vertentes, para a sua Polónia.
Os seus principais álbuns editados no seu país, são: “Regenerit”, “Eksponat AX” (Espécie AX), “Bogowie z Gwiazbioru Aquariusa (Os Deuses da Constelação do Aquário), “Czlowick Bez Twarzy” (O Homem Sem Rosto), “Gosé z Kosmosu” (O Visitante do Espaço), “Zbuntowana” (A Rebelde), “Zaglada Atlantydy” (A Destruição da Atlântida) e “Wielkie Wyprawy”(As Grandes Expedições), focando aqui os épicos feitos de Fernão de Magalhães, Cristóvão Colombo e James Cook.
Capa e prancha de "Os Deuses da Constelação do Aquário"

Já na Bélgica, retoma a série “Hans” (iniciada por Rosinski) a partir do sexto tomo.

Mas cria outros valorosos trabalhos como “Athabasca”...

...e “Grizzly” da série “Os Viajantes”...

série “Halloween Blues”...

“La Fille de Panama”...

...e “Shooting Star”, que é um certo tipo de biografia da sempre eterna actriz Marilyn Monroe.
Com uma já extensa e marcante obra, as criações de Kas mereciam, com justiça, serem devidamente divulgadas no nosso País, tanto mais que Portugal e a Polónia são da “mesma” nossa Europa.
A bom entendedor...
LB

quarta-feira, 5 de abril de 2017

NOVIDADES EDITORIAIS (115)

PREMIÈRES ARMES - Edição Glénat. Autores: argumento de Clotilde Bruneau, traço de Alexandre Jubran, cores de Scarlett Smulkowski e capa de Fred Vignaux. Primeiro tomo da trilogia “Jason et la Toison d’Or”, da série ”La Sagesse des Mythes” coordenada por Luc Ferry.
É mais um belíssimo álbum de uma encantadora série cultural e didáctica, versando o panorama maravilhoso das lendas da Mitologia da Grécia Clássica.
Uma colecção irresistível e deslumbrante da qual ficamos sempre à espera do álbum que se segue!...


L’APPRENTIE - Edição Lombard. Autores: argumento do francês Laurent Galadon, traço do húngaro Attila Futaki e cores de Greg Guilhaumond.
Trata-se do primeiro tomo da série Hypnos, que divaga pelos caminhos sinistros da política e do crime, nos tempos que rondaram a 1.ª Grande Guerra. Mas também, nessas misturas, a acção da sofredora Camillecom o dom do hipnotismo, que é usada por gente poderosa com poucos ou nenhuns escrúpulos...
Enfim, estranhas poucas vergonhas!



COSME, L’ANCIEN - Edição Soleil. Autores: argumento de Olivier Peru, traço de Giovanni Lorusso e cores de Elodie Jacquemvivre.
Com este tomo, “1389-1464 / Cosme l’Ancien /De la Boue au Marbre”, marca-se o primeiro álbum da série de luxo, “Medicis”, que nos leva à pouco esclarecida e conturbada época medieval de uma Itália plena de rivalidades, sinistras ambições e violentas crueldades.
Todavia... a História lá está!
LB

domingo, 2 de abril de 2017

BD E HISTÓRIA DE PORTUGAL (12) - O "SOLDADO MILHÕES"

Aníbal Augusto Milhais,
o "Soldado Milhões",

condecorado e ainda nas
trincheiras
Homem autenticamente honroso e honrador da coragem de ser português, Aníbal Augusto Milhais é um brilhante herói das glórias das nossa Pátria.
Nasceu a 9 de Julho de 1895, em Valongo (Murça), e faleceu nessa região, Valongo de Milhais, a 3 de Junho de 1970.
Profissionalmente era um humilde agricultor. Um invejável e respeitável agricultor, diga-se de passagem. Simples e naturalmente sem vaidades, ele foi de uma bravura incrível nas trincheiras infernais da Primeira Grande Guerra Mundial, destacando-se, para além do seu sempre corajoso espírito de valoroso soldado português, na famosa e violenta Batalha de La Lys, em 1918.
Sem medos, valente e astuto, destacou-se em acção temerária contra os seus adversários alemães, permitindo, sozinho e com a sua tão querida metralhadora, salvar os cobardolas (em fuga apavorada) soldados ingleses tendo ainda a ocasião, no meio de tal barafunda de guerra, de salvar da morte um médico escocês.
Foi nessa altura que ele, Aníbal Augusto Milhais, logo foi saudado pelo seu comandante Ferreira do Amaral que lhe disse: "Tu és Milhais, mas vales Milhões". E como MILHÕES se ficou e se celebrizou para todo o sempre!
Na sua região, Murça, existe um busto da autoria do escultor Laureano Eduardo Pinto Guedes.
O nosso Cinema, até agora, esqueceu-o imbecilmente!!!... Pela 7.ª Arte, há apenas um filme versando a nossa sacrificada participação na cruel Primeira Grande Guerra: o filme “João Ratão” (1940) pelo realizador Brum do Canto e com Óscar de Lemos, António Silva, Teresa Casal, Costinha, Manuel dos Santos Carvalho, etc. O argumento e o cenário são disso jogo de cena, mas do “Soldado Milhões”, nada feito!...
Por aqui, os nossos cineastas são amorfos e todas as nossas entidades culturais são ceguetas!... Dixit!
Em memória do exemplar e admirável “Soldado Milhões”, que nos valham os autores de outras tão dignas Artes, a saber:
Na Pintura, um valoroso quadro pelo nosso saudoso Carlos Alberto Santos (às vezes, M. Gustavo).
O Soldado Milhões, numa pintura de Carlos Alberto Santos
Na Literatura, o livro “Aníbal Milhais - Um Herói Chamado Milhões”, sob edição Pato Lógico - Imprensa Nacional/Casa da Moeda, com texto de José Jorge Letria e capa e ilustrações de Nuno Saraiva.
Capa de"Anibal Milhais - Um Herói Chamado Milhões",
por José Jorge Letria (texto) e Nuno Saraiva (desenho), Ed. Pato Lógico
E, aqui sim, pela Banda Desenhada:
Por José Garcês e A. do Carmo Reis, na “História de Portugal em BD”, a referência à Batalha de La Lys.
"História de Portugal em Banda Deenhada" (Vol. 4 - "A Revolução da Liberdade"),
por A. do Carmo Reis (texto) e José Garcês (desenho), Ed. Asa (1989)
A aplaudível versão humorística de mestre Artur Correia, “O Super-Soldado Milhões”, com texto de António Gomes de Almeida.
"O Super-Soldado Milhões", por António Gomes de Almeida (texto) e Artur Correia (desenho),
in "Super-Heróis da História de Portugal", Bertrand Editora (2004)

E, num plano mais apaixonantemente realista, as versões desenhadas por Carlos Baptista Mendes...
"O Soldado Milhões", por Carlos Baptista Mendes,
in "Portugueses na Grande Guerra (1914-1918)"Ed. Arcádia (2014)


...e Augusto Trigo / Guilhermino Pires.
"O Soldado Milhões", por Augusto Trigo (desenho). Adaptação de um texto
de Guilhermino Pires. 1.ª publicação no "Jornal do Exército" (#334 a #337 - 1988).
Reeditado no #1 dos Cadernos Moura BD (Ed. Câmara Municipal de Moura - 1999)

Pelo invejável “Soldado Milhões”, glória e aplausos aos nossos artistas da Pintura e da Banda Desenhada!
LB