sexta-feira, 30 de outubro de 2015

BD E HISTÓRIA DE PORTUGAL (10) - FERNÃO DE MAGALHÃES

Fernão de Magalhães (1480-1521)
Pela magnífica e ímpar epopeia das navegações-descobertas dos portugueses, há valores que, infelizmente, são “olvidados”, talvez porque, pelas circunstâncias, tenham navegado sob o pavilhão de outro país;
e no entanto, sem abdicarem de ser portugueses.
Sob pavilhão castelhano, apontam-se os exemplos de João Rodrigues Cabrilho, Estêvão Gomes, José Álvaro Fagundes, Pedro Fernandes de Queiroz e João Martins; sob pavilhão holandês, David Melgueiro. E acima de todos, Fernão de Magalhães, que teve o apoio do rei de Castela (Carlos I, dito Carlos V) e recusa caprichosa do rei de Portugal (Manuel I), realizando um feito quase impensável: a primeira viagem de circum-navegação. Com este feito, provou-se definitivamente ao mundo que a Terra é redonda!
Nasceu na região do Porto (em Sabrosa) em 1480 e faleceu heroicamente em combate a 27 de Abril de 1521, em Mactan, região de Cebu, na actual República das Filipinas.
O feito foi glória para Castela, mas também o foi para Portugal, pois Magalhães jamais mudou de nacionalidade. Até o nosso grande Camões, em “Os Lusíadas”, o salientou pelo feito mas não por ter servido Castela (a opinião do Poeta é válida pois ele era um fervoroso amante da Pátria)Assim, nas estrofes 138 e 140, se Camões critica Magalhães, não deixa contudo de o elogiar:

“Mas é também razão que, no Ponente
Dum Lusitano um feito inda vejais
Que, de seu rei mostrando-se agravado
Caminho há-de fazer nunca cuidado” 
ou 
O Magalhães, no feito, com verdade
Português, porém não na lealdade”

Pelo Cinema, e até agora, constam: uma produção para a TV húngara, em 1977, sob realização de Ferenc András e com o actor Tibor Szilágyi no papel de Fernão de Magalhães; há ainda dois filmes, com o mesmo título, “Lapu-Lapu”, realizados nas Filipinas em 1955 (por Lamberto Avellano e o actor Oscar Kesse) e em 2002 (por William Mayo e o actor Dante Rivero). O nosso saudoso actor António Vilar (1912-1995), que viveu na tela personagens como Camões, Don Juan, D. Pedro I de Portugal D. Diniz I de Portugal, etc, bem se empenhou em produzir, realizar e interpretar a epopeia de Magalhães, mas o prometido apoio do governo português, mais uma vez mesquinho, não foi cumprido e o nosso actor que para este projecto gastou a sua fortuna pessoal, acabou por morrer desgostoso e quase na miséria!...
Contudo, pela sempre atenta (felizmente!) Banda Desenhada (e Artes afins), a vida e a epopeia do nosso Fernão de Magalhães têm sido salvaguardadas através de desenhistas de diversos países, a saber:

PORTUGAL:
Fernando Bento e Manuel Alfredo...
"O Homem que deu a Volta ao Mundo", por Manuel Alfredo (texto) e Fernando Bento (desenho),
in "Cavaleiro Andante" #190 (1955)

Vítor Péon...
"A Primeira Volta ao Mundo de Fernão de Magalhães", por Vítor Péon, in "Tintin" #18, ano I, (1968)

Baptista Mendes...
"Fernão de Magalhães", por Baptista Mendes, in álbum #1 dos "Grandes Portugueses", revista "Camarada"

Eugénio Silva...
"A Primeira Volta ao Mundo", por Eugénio Silva, in "O Novo Livro de Leitura da 4.ª Classe" (1969)

Artur Correia e Manuel Pinheiro Chagas...
"História Alegre de Portugal", por Manuel Pinheiro Chagas (texto) e Artur Correia (adaptação e desenhos),
Bertrand Editora (2010)


Fernando Jorge Costa...
"Fernão de Magalhães", por Fernando Jorge Costa, in "Mundo de Aventuras" #449 (1982)

José Ruy...
"Os Lusíadas", volume III, por José Ruy (adaptação e desenhos), Editorial de Notícias (1984)

...e José Garcês e A. do Carmo Reis, que num dos quatro volumes da "História de Portugal em Banda Desenhada" se referem ao navegador português, de forma breve, numa só vinheta.
"História de Portugal em Banda Desenhada", por A. do Carmo Reis (argumento)
e José Garcês (desenhos) - Edições Asa


ITÁLIA: Franco Caprioli...
"A Primeira Volta ao Mundo", por Franco Caprioli, in "Cavaleiro Andante" #227 (1956)

...Giorgio Trevisan...
"He proved the earth was round", com desenhos de Giorgio Trevisan, in revista "Tell me why" #8 (anos 60)

...e Guido Buzzelli.
"Fernão de Magalhães", por Guido Buzzelli, álbum #9 da colecção "A Descoberta do Mundo",
Publicações Don Quixote (1982) 


BÉLGICA: Albert Weinberg.
"Magellan", por Albert Weinberg, in revista "Tintin" #13, (1954)


FRANÇA: Gal (Georges Langlais)...
"Le Premier Tour du Monde", por Gal (Georges Langlais), in "Spirou" #848 (1954)

 ...e Christian Clot/Thomas Verget /Bastien Orenge.
"Magellan, Justqu'au Bout du Monde", por Clot/Verget/Orenge, Edições Glénat (2012)

Informação à posteriori: este álbum teve uma edição em português, pela Gradiva, lançada em 2018, sob o título "Magalhães Até ao Fim do Mundo". 


MÉXICO: há duas  versões, “Fernando de Magallanes” e “La 1.ª Vuelta al Mundo”, das quais desconhecemos até agora, os nomes dos respectivos desenhistas, ambas as versões pela Editorial Novaro.
“Fernando de Magallanes”, autor desconhecido - Colecção "Aventuras de la Vida Real",  Editorial Novaro (México)

“La 1.ª Vuelta al Mundo”, autor desconhecido - Colecção "Grandes Viajes", Editorial Novaro (México)


ESPANHA: Luis Bermejo (desenho) e Sanchez Abuli (argumento)...
 
"Magallanes y Elcano: El Oceano Sin Fin", Ed. Planeta de Agostinni (1992)

...e Casanovas 
"Fernando de Magallanes", com desenhos de Casanova e capa de J. Chacopino, 
Editorial Ferma (1951)


URUGUAI: Walter Lemos e Eduardo Barreto. Deste, “Magallanes” foi publicado na revista “Choroná” em Outubro de 1973. Infelizmente, não temos imagens desta versão.


E, noutras Artes...
Na PINTURA, destacam-se os quadros pelo nosso Carlos Alberto Santos e pelo inglês Ron Embleton.
Na ESCULTURA: a estátua em Sabrosa e em Lisboa, sendo esta uma réplica da que existe em Punta Arenas (no Chile).
Na FILATELIA: há selos postais em diversos países como Portugal, Espanha, Brasil, Ilhas Cook e na ex-república Ciskei  (hoje território da África do Sul).
Na LITERATURA: para além da famosa biografia pelo austríaco Stefan Zweig, salientam-se “Who Was Ferdinand Magellan?”, que tem uma edição em castellano, com texto de Sydelle Kramer e ilustrações de Elizabeth Wolf (ed. Turtleback School); “Magellan Autour du Monde”, com texto de Hugues Barthe e ilustrações de Christel Espié (ed. Casterman) e “Chamo-me... Fernão de Magalhães” com texto de José Jorge Letria e ilustrações de Leonor Feijó e Marta Belo (ed. Didáctica Editora).
E, sobre este firme e heróico navegador português, se mais devido assunto houver, aqui tal será acrescentado.
LB
Pintura de Carlos Alberto Santos e capa de "Chamo-me... Fernão de Magalhães", com texto de José Jorge Letria e ilustrações de Leonor Feijó e Marta Belo (Didáctica Editora)

terça-feira, 27 de outubro de 2015

NOVIDADES EDITORIAIS (81)

PEREGRINAÇÃO - Edição Âncora. Autor: José Ruy, segundo os relatos das aventuras “vividas” por Fernão Mendes Pinto (1510-1583).
Trata-se da 4.ª edição desta obra-BD que se encontrava esgotada há alguns anos e que era procurada por muitos bedéfilos. É também uma das criações mais notáveis de mestre José Ruy.
Fernão Mendes Pinto registou, de um modo autobiográfico, a sua agitada e aventurosa vida por terras e mares da Ásia em “Peregrinação”, obra mais do que famosa da nossa Literatura.
Mas, o que ele narra, foi tudo autêntico? Ou há um excesso de fantasias? Ou há uma mistura das duas vertentes? Em qualquer dos pontos de vista, é uma obra para ser lida e admirada por todos nós.
E José Ruy, com o seu entusiasmo, deu-lhe toda a força na adaptação que, com mestria, fez da “Peregrinação” para a Banda Desenhada.
Esta versão em BD foi inicialmente publicada no “Cavaleiro Andante” (1956-1957) do n.º 249 ao 308, contendo 75 pranchas.

BELLE DE NUIT - Edição Delcourt. Autor: Horacio Altuna.
A magnífica ousadia gráfica, sobretudo no aspecto erótico, do argentino Horacio Altuna (que foi homenageado ao vivo no salão Sobreda-BD /1996), volta a brilhar com este álbum, “Belle de Nuit”.
Em Nova Iorque, a bela Jessica Hampton, leva uma vida dupla. De dia, é uma ingénua e acertada menina, filha de uma rica e conservadora família da alta burguesia. À noite... é um ver se te avias, sempre desejosa de sexo.
Ela é insaciável e evita comprometer-se. Apanha o que quer e depois desaparece sem olhar para trás, pela noite negra. Na verdade, ela é irresistível e muito bela... É a bela da noite!

OPTIONS SUR LA GUERRE - Edição Lombard. Autores: o argumentista Stephen Desberg e, no grafismo, Daniel Koller e Bernard Vrancken.
“Options sur la Guerre” é o 16.º tomo da série “I.R.$.“.
O agente do fisco, Larry B. Max, está agora apanhado numa aventura que se escapa da linha normal que tem enfrentado.
Agora, no cenário africano sempre turbulento, ele vai investigar um caso de trafico de armas que, ao fim e o cabo, são dadas como desaparecidas, porém vendidas a ambas as facções da guerrilha por um general... norte-americano

ENFANTS DES ABYSSES - Edição Lombard. Autora: Hélène V. (aliás, Hélène Vandenbussche).
“Enfants des Abysses” é o primeiro tomo da série “La Fille des Cendres” e recebeu em 2014 o “Prix Raymond Leblanc de la Jeune Création”.
O mar foi sempre sedutor, irresistivelmente sedutor... Na sua beleza e na sua maravilha, encerrando também grandes e estranhos mistérios.
Harriet Ashtray, corajosa e enigmática, pertence a uma família ligada ao mar. Melancólica, dentro dela há um estranho poder que a queima e que ela dissimula. E um dia, o mar lança-lhe um apelo...
Interessante registar que o argumento, o traço e as cores, são da autoria de Hélène V., um novo e prometedor valor da Banda Desenhada Francesa.
LB

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

AMADORABD 2015 INAUGURA HOJE!


AMADORABD 2015
É hoje, dia 23, inaugurada a 26.ª edição do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, que se manterá até ao próximo 8 de Novembro.
O tema principal é "A Criança na BD", festejando-se em simultâneo o centenário de “Quim e Manecas” de Stuart de Carvalhais.
O núcleo central desta festa da 9.ª Arte localiza-se, como é hábito, no Fórum Luis de Camões, na Brandoa. Mas há polos em diversos pontos da Amadora, de Lisboa e ainda um em Almada.
Programam-se, para além das exposições e da entrega dos Prémios (a 31 de Outubro), a apresentação e/ou lançamento de diversos álbuns (“Jim del Mónaco” de Louro e Simões, “Peregrinação” - 4.ª edição - de José Ruy, “A Batalha” de Pedro Massano, etc.), sessões de autógrafos, entrevistas, exibição de filmes, etc, etc.
Presenças estrangeiras confirmadas: os franceses Jacques Tardi e Mathieu Sapin, o alemão Reinhart Kleist, o grego Yannis Ioaunnou, os angolanos Lindomar Sousa, Olímpio Sousa e Tché Gourgei, os brasileiros Marcelo Quintanilha, André Diniz e Henrique Magalhães e o espanhol Fernando Ruibal Piai.
Para o Fórum Luís de Camões, os horários são: às sextas e sábados, das 10 às 23 horas; de domingos a quintas, das 10 às 20 horas.

domingo, 11 de outubro de 2015

A VIDA INTERIOR DAS REDAÇÕES DOS JORNAIS INFANTO-JUVENIS na memória de José Ruy (12)


12) O «TINTIN» PORTUGUÊS

Em 1968 por iniciativa de Jaime Mas, o catalão filho de Francisco Mas da Editorial Íbis, iniciou-se a publicação em Portugal de uma revista congénere da «Tintin» belga. A editorial Íbis e a editora Livraria Bertrand eram sócias e nessa altura eu trabalhava nesta última fazendo capas de livros e publicidade às edições, incluindo cartazes para decorar as montras das várias lojas que possuíam, espalhadas pelo país.
Capa do primeiro número da revista "Tintin"
O material incluído na revista era de origem belga e francesa, reunindo o melhor que então se fazia de Histórias em Quadrinhos nesses países. Tinha como diretor o Jaime Mas e como chefe de redação o Dinis Machado, que foi ocupar na Íbis o lugar do Roussado Pinto que fora abrir uma editora própria.
Esta revista impôs-se pela qualidade gráfica e pela criteriosa escolha das histórias, num cuidadoso equilíbrio dos temas, o que levou a ser considerada pelos editores belgas a melhor de entre as muitas com o nome «Tintin» editadas na Europa e mesmo em outros continentes.
Na distribuição da colaboração, deixaram 20% do espaço nas páginas da revista para ser preenchido com histórias feitas em Portugal, e foi convidado o Vítor Péon para preencher esse espaço, que logo no número 1 e em página dupla publicou «A 1.ª Travessia Aérea do Atlântico Sul». Estamos a falar, claro, da proeza de Sacadura Cabral e Gago Coutinho num voo sobre o Oceano até ao Brasil.
O Dinis Machado na nota de apresentação disse mesmo que a revista teria também «acontecimentos e figuras da História de Portugal».
Página dupla de Péon na sua melhor fase. Como foi scanerizado de um volume encadernado, nota-se o
ressalto do medianiz devido à dobra, "comendo" um pouco de desenho e letras.
Uma página e parte de outra onde Péon começou a preencher a rubrica com a nossa ligação
com África, primeiro no tempo dos Descobrimentos e depois nas campanhas militares do Séc. XIX 
Essa rubrica foi sendo preenchida com episódios dos lusitanos, Cristóvão Colombo, Pedro Álvares Cabral, até que, no n.º 19, O Péon destacou o Infante Don Henrique. E depois as campanhas em África no século XIX. Aí os belgas não gostaram pois estavam a acontecer grandes alterações nesse continente relativamente a independências e lutas contra o colonialismo. A Bélgica perdera o seu chamado «Congo Belga» e Portugal encontrava-se em plena guerra em África. Alarmados com a reclamação vinda da Bélgica os administrativos do jornal em Portugal entraram em pânico e para apaziguar os seus «maiores» resolveram o problema desta maneira: «Matando o bicho morre a peçonha». Acabaram com o espaço destinado à presença portuguesa preenchendo-o com mais material estrangeiro.
Assim o Tintin transformou-se numa revista totalmente franco-belga traduzida para a nossa língua.
As legendas eram todas desenhadas, como se havia convencionado internacionalmente (mas nem sempre cumprido) que os textos da banda desenhada precisavam de ser igualmente desenhados. Como eram muitas páginas a publicar semanalmente e o Mário Correia, nessa altura já grande profissional de «rotulação» e funcionário da casa, não podia sozinho dar vasão, foi necessário criar uma equipa.
Compunha-a o Mário Correia, o Teixeira Abreu orientador gráfico da Íbis, o Luís Nazaré funcionário da Bertrand e sobrinho do Aníbal Nazaré, que era autor de textos para revistas teatrais, o Strompa, nessa altura montador de Offset nas oficinas da Editora Bertrand e eu. Eu era dos mais fracos a legendar.
Foi necessário que acertássemos o desenho da letra de modo a que não se notasse diferença de umas páginas para outras. Todos tínhamos de trabalhar na mesma dimensão, o mesmo recorte e a mesma espessura da letra.
Fomos obrigados a um treino intenso e tomando por padrão o tipo de letra usado pelos franco-belgas.
Entretanto a editora decidiu também publicar álbuns com as histórias completas em paralelo com a revista, e as respetivas rotulações tinham de ser executadas num curto espaço de tempo. Levávamos para casa um desses álbuns com 44 páginas à sexta-feira para entregarmos tudo pronto após o fim-de-semana. Dividíamos então as páginas pelos cinco e não poderia haver diferença significativa na escrita.
Caneta Rotring que funcionava com uma tinta própria, mais diluída para poder escoar-se nos seus tubos finíssimos que funcionavam como aparos. Porém, para conseguirmos uma maior opacidade no traço,
carregáva-mo-las com tinta-da-china, o que entupia os tubos, obrigando a frequentes
lavagens e perda de tempo. Mas tinha de ser assim... 
As legendas eram executadas sobre papel vegetal, com canetas «Rotring» carregadas a tinta-da-china para ficar mais preta, sobre as páginas originais francesas ou belgas e tinham de caber nos espaços de origem, pois não havia hipótese de se mexer nos balões ou nos desenhos.
Esses vegetais eram montados sobre os fotólitos do desenho a preto cedidos pelas editoras estrangeiras e gravados nas chapas Offset, para a edição em português.
Se a tinta não ficasse bem negra, falhava na passagem à chapa. Também não se admitiam rasuras, e se nos enganávamos tínhamos de reiniciar tudo nessa página, pois qualquer raspagem, corte e colagem ficaria marcado sobre o desenho original. Era verdadeiramente um trabalho sem rede que exigia ficar pronto à primeira.
O facto é que criámos uma homogeneidade tal, que por vezes não sabíamos definir quais as páginas que tinham sido legendadas por nós próprios.
A revista tinha publicidade, alguma de página inteira, para desespero do Dinis Machado que achava estar a retirar ao leitor a possibilidade de ler mais uma aventura. Foi quando entrou em cena a «Agência 2000», de um francês radicado em Portugal.
Começou a mentalizar a administração e principalmente a redação em criar uma publicidade em forma de Quadrinhos, contando uma história. Para ser a agência a encarregar-se desse trabalho, ficaria mais caro do que recebiam do anúncio, por isso lembraram-se de mim, pois fazia parte dos quadros da editora com um ordenado fixo. Até me dava prazer e assim criei e desenhei uma série de pequenas historiazinhas, algumas para produtos da Thibaud, agência publicitária da «Fima Lever» dirigida pelo Telmo Protásio. Foi o primeiro contacto que tive com o que viria a ser, 6 anos mais tarde, o criador e proprietário da Meribérica/Liber.
Saíram várias historiazinhas destas onde a publicidade era bem aceite
pois continha ela própria uma aventura. 
Mas o Dinis Machado lutava para conseguir na revista umas páginas extra onde pudesse anunciar aos leitores as histórias seguintes.
Tanto insistiu com a administração que acordaram incluir 4 páginas, como se fosse um suplemento, em papel inferior ao do resto da revista e impressas só a preto. Chamou-lhe «Tintin por Tintin» e reuniu aí a secção de respostas às cartas dos leitores «Tu Escreves Tintin Responde», artigos sobre os autores franco belgas que o Vasco Granja traduzia do francês. Deu-me carta-branca para elaborar composições a anunciar as novas aventuras a publicar quando as anteriores iam terminando.
 (Continua)

No próximo artigo: A REDAÇÃO DO TINTIN, REALIDADE OU FICÇÃO?

terça-feira, 6 de outubro de 2015

NOVIDADES EDITORIAIS (80)

JIM DEL MÓNACO / Especial - Edição Asa /Leya. Argumento de Tozé Simões, arte de Luís Louro e prefácio de Rui Zink.
Bravo, bravíssimo, bravo!...
O admiradíssimo herói Jim del Mónaco (bem como a sua exuberante e sensualona noiva Gina, o astuto servidor Tião e o vilão Aristides) festejam trinta anos em 2015. E parabéns por esta gloriosa efeméride!
Ei-los que são magnificamente “ressuscitados” (tal e qual e acertadamente não envelhecidos) num álbum especial com quatro novas aventuras: “Stalking Dead”, “As Bordabundas”, “O Cemitério dos Elefantes” e “O Macaco de Bili”.
Que maravilha!... Só se fica com pena quando a leitura do álbum chega ao fim...
Mas este tomo tem mais tentadoras “coisas” para além das quatro narrativas e do prefácio de Zink e, de entre elas, que Louro aplicou as cores com o apoio do computador; e, na terceira história, encontramos o humorista Nuno Markl a servir de modelo a um dos personagens. Um delírio!
Por mil e uma razões e mais alguma, é bem obrigatório ler-se este álbum, sendo também mais do que obrigatório que Louro e Simões não “matem” pela segunda vez esta série, bem portuguesa e nossa. Vamos a isso?


BAGDAD INC. - Edição Lombard, na colecção “Troisième Vague”, que aqui se inicia no modelo “álbum único”. Autores: argumento de Stephen Desberg e traço de Thomas Legrain.
Não se perdoa aqui a paranóia do ex-presidente dos EUA, George W. Bush, no seu capricho em inventar as armas de destruição massiva (que não existiam) de Sadam Hussein, só para disfarçar a sua voraz cobiça pelo petróleo iraquiano.
E depois, tudo descamba num ambiente escaldante e destruidor pelos imensos mercenários, agora chamados de forças de segurança privada, a soldo de uma cambada de gente poderosa que se rivaliza e que a todo o custo quer dominar e sugar as riquezas do Iraque. E neste conflito infernal, está uma incorruptível advogada (Chalene Van Evera) aliada a um não vendável “mercenário” (Jackson Baines) para acertarem contas com um fanático assassino em série, fugido e banido do seu país de origem, a República Sul-Africana...
Um argumento denunciante e sem medo e uma arte de pleno agrado.
Uma obra a ler, segurando os nervos!


SOUS LE SOLEIL DE MINUIT - Edição Casterman. Autores: o argumentista Juan Diaz Canales, com a arte de Rúben Pellejero.
É o 13.º tomo da série criada pelo saudoso mestre italiano Hugo Pratt. E é também, o triunfal regresso de Corto Maltese, agora “trabalhado” fielmente e com todo o cuidado , tanto no traço como no espírito desta série-ícone da Banda Desenhada europeia. Bravo!
A “rentrée” de 2015/2016 da BD, começa muito bem com dois maravilhosos regressos: Jim del Mónaco e Corto Maltese.
É proibido não ler este novo tomo de Corto Maltese, que se espera bem, esteja em edição portuguesa muito em breve, o que aliás, é urgente... Para já, parabéns à francófona Casterman e aos hispânicos autores, perfeitos e leais continuadores da obra de Pratt.


ANTARES / 6 - Edição Dargaud. Autor: Leo (aliás, Luís Eduardo Oliveira).
Depois do “ciclo Aldebaran” (5 tomos) e do “ciclo Betelgeuse” (5 tomos), o terceiro “ciclo” (Antares) conclui-se neste belo sexto tomo, sendo todos os “ciclos” partes da espantosa série “Les Mondes d’Aldebaran”, dita de ficção-científica...
Leo, que em 2000 foi homenageado ao vivo no respectivo
Salão-BD Internacional da Sobreda, não só tem o talento gráfico de nos fazer viajar, deslumbrados, por situações e mundos fantásticos, como nos projecta a pertinentes análises dos personagens que atravessam esta maravilhosa série.
Este álbum encerra com uma entrevista a Leo conduzida
por Marc Gauvain.
Obviamente, virá em breve um novo “ciclo” desta série...


"Q.I." #134 - Edição EGO.
Mais um número do fanzine "Q.I." ("Quadrinhos Independentes") que o seu activo editor, Edgard Guimarães, teima (e muito bem!) em publicar com uma regularidade impressionante.
Neste número, para além das habituais rubricas "Fórum", "Edições Independentes", "Mantendo Contato" e "Poeta Vital", temos outros artigos de interesse como o que o próprio Edgard Guimarães dedica ao Capitão América, ou o que o nosso amigo Carlos Gonçalves escreve sobre "Patagónia", a primeira aventura de Tex publicada em Portugal.
Como "brinde" deste número, temos o pequeno mas bastante útil encarte "O Mundinho dos Quadrinhos", onde Edgard aponta e corrige alguns equívocos de "O Mundo dos Quadrinhos", obra de referência nas HQ's brasileiras, de Ionaldo Cavalcanti.

domingo, 4 de outubro de 2015

BREVES (15)

José Vilhena (1927-2015)
FALECEU  JOSÉ VILHENA
Nascido a 7 de Julho de 1927, José Vilhena (aliás, José Alfredo de Vilhena Rodrigues), que há muito estava doente, faleceu a 3 de Outubro do corrente ano.
Grandioso no seu humor cáustico e implacavelmente mordaz, fundou e dirigiu famosas revistas, como “O Mundo Ri”, “Gaiola Aberta”, “Fala Barato”, “O Cavaco” ou “O Moralista”.
Foi igualmente o autor de dezenas de delirantes livros (textos, ilustrações e fotos), donde, alguns títulos: a trilogia “História Universal da Pulhice Humana” (“Pré-História”, “O Egipto” e “Os Judeus”), “Branca de Neve e os 700 Anões”, “Julieta das Minhocas”, “Arre Burro!”, “O Depoimento de Américo Thomaz”, “O Evangelho Segundo José Vilhena”, “Os Reis de Portugal, suas Taras e Pulhices”, “Cinto de Castidade”, “O Filho da Mãe”, “A Vingança do Filho da Mãe”“A Boa Viúva”, etc.
Escreveu também Teatro, como “Os Infiéis Defuntos” e “As Calcinhas Amarelas”. Esta farsa estreou nos anos 70 no então Teatro Laura Alves (Lisboa) com interpretações de Irene Izidro, Barroso Lopes, Carlos Miguel, Luís Horta, Teresa Ziloc, Manuela Maria e outros, tendo sido um enorme êxito.
José Vilhena deixou-nos fisicamente, mas a sua obra fica e é para ser lida e relida. Que descanse em paz!



Liliane Funcken (1927-2015)
ADEUS, LILIANE!
Foi com muita tristeza pelo mundo bedéfilo que se soube do falecimento, aos 88 anos, de Liliane Funcken no passado dia 26 de Setembro. Viúva do seu companheiro de sempre, sobreviveu apenas dois anos à morte do marido, Fred Funcken (1927- 2013).
Liliane Schorils nasceu também em 1927, vindo a adoptar o apelido do marido quando se casou em 1959. Foi neste ano que se viram pela primeira e, num amor à primeira vista, ele durou para sempre.
Fred e Liliane, além de um casal exemplarmente apaixonado, formavam uma dupla extraordinária pela extensa Banda Desenhada que criavam. Sempre muito cúmplices nos seus trabalhos e nas suas investigações, dificilmente se consegue separar o que era de Fred e o que era de Liliane.
Que descanse em paz. Adeus, Liliane!




BALBÚRDIA TINTINESCA
Volta não volta, os media, tocam no assunto: os herdeiros de Hergé (Fanny Rodwell e Nick Rodwell) vão ou não permitir um novo álbum de Tintin, ante tanta e mais alguma pressão com que constantemente são bombardeados neste sentido?
Proibiram a conclusão de “Tintin et l’Alpha Art”, mas o jovem canadiano Yves Rodier, admirador absoluto da obra de Hergé, atreveu-se a ir em frente: com dados que tinha, concluiu o álbum que tem versões em francês, em inglês, em castelhano e em português (no Brasil).
Os Rodwell pensaram depois em editar “Tintin Entre os Sovietes” a cores... mas a ideia foi por água abaixo. Agora, para que ao fim de 70 anos da morte do autor, não percam os direitos e estes passem para o domínio público em 2053, põem a hipótese de que uma outra narrativa há muito iniciada e depois posta de parte pelo mestre, “Tintin et le Thermozéro”, seja retomada e concluída até... 2052!
Será? E terá mesmo de ser nessa data limite?
O corajoso jovem Yves Rodier já tentou pegar no tema...
LB

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

ENTREVISTAS (20) - JOSÉ PIRES (2.ª parte)

(conclusão da entrevista iniciada no post anterior)


BDBD – Como editor de publicações amadoras, a sua actividade já tem alguns anos, sendo responsável (a solo ou em parceria com Jorge Magalhães e Catherine Labey, por exemplo) por excelentes fanzines, bem conhecidos da “tribo” bedéfila (Fandwestern, Fandaventuras, A Máquina do Tempo, entre outros). Quando e porquê surgiu esta sua faceta de faneditor?
JP - Isso surgiu quando conheci o Jorge Magalhães. Ambos decidimos publicar um Fanzine (Fandaventuras - 1998). Depois prossegui sozinho com o Fandwestern e outros. O Matt Marriott foi publicado pelo Mundo de Aventuras mas como o formato (tira diária) não se adequava ao A4 e afins, as vinhetas apareciam amputadas ou acrescentadas. E como os formatos eram menores, para meterem as legendas, os paginadores eram obrigados a invadir o espaço dos desenhos, destruindo todo o valor dos extraordinários enquadramentos do autor. Por isso me dediquei a publicar em fanzine as histórias do Matt Marriott em versão original. São 70 episódios eu tenho 64 - pas male!
A série Rob the Rover está neste momento a ser publicada em inglês e a ser exportada para toda a Escandinávia (Dinamarca, Suécia e Noruega) com bastante sucesso.
Uma página de Matt Marriott publicada no Mundo de Aventuras...
... e a mesma página, já restaurada por José Pires, no formato de tiras em que foi publicada em Inglaterra.
BDBD – A sua admiração pelos autores clássicos ingleses levou-o a recuperar digitalmente obras de referência como Capitão Meia-Noite, Rob the Rover ou o já referido Matt Marriott. Como teve a ideia (e a ousadia, no bom sentido) de se embrenhar nestes projectos?
JP - Os chamados “clássicos”, Walter Booth, Reg Perrot ou Tony Weare, etc... sempre incendiaram a minha imaginação - sempre desejei reunir em volume as páginas que eles publicavam semanalmente ou em tira diária. Há outros como Milton Caniff (Terry e os Piratas ou Steve Canyon) que também gostaria de publicar... se tivesse tempo para isso...
Capas de dois episódios de "O Gavião dos Mares""Matt Marriott",
séries restauradas e publicadas em fanzine por José Pires

BDBD – Para se abalançar a projectos desta envergadura é necessário ter uma grande colecção de revistas inglesas, muitos contactos com amigos e colecionadores, muita paciência e, essencialmente, muito amor a esta arte. É que não estamos só a falar no minucioso trabalho de restauro das pranchas e na tradução e legendagem das mesmas. Falamos, também, no esforço enorme que, por certo, fará para conseguir obter todas as tiras de cada uma das séries, e em condições mínimas de serem recuperadas… Em poucas palavras, quer explicar-nos como se processa a recuperação de uma obra como Matt Marriott ou Rob the Rover?
JP - Isso só se consegue com um brutal investimento ou tendo amigos “especiais”. O Américo Coelho, por exemplo, deve ter a maior colecção de BD que conheço. Tem mesmo o Puck desde 1920 a 1940, de onde foi retirado o Rob the Rover, o Capitão Meia-Noite ou o Gavião dos Mares, que já publiquei na íntegra.
O restauro das vinhetas é tarefa que só o computador consegue alcançar. Claro que o computador não trabalha sozinho e é preciso saber trabalhar com ele. Mas para quem foi um profissional, que o utilizava mais de uma dúzia de horas diárias durante mais de vinte anos, tudo se torna mais simples. É uma questão de vontade e aplicação.

BDBD - Em média, quanto tempo demora a recuperar cada volume?
JP - Depende do estado em que o material me vem parar às mãos. Se tem cores, se lhe faltam pedaços ou se estão deficientemente impressos - os problemas são múltiplos e variados - mas  pouca coisa o Photoshop, quando orientado por mãos experientes, é incapaz de resolver. Milagres, não há, mas capricho, boa vontade e alguma imaginação conseguem quase “milagres” - é tudo uma questão de trabalho e alguma paciência e jeito. Cada volume exige normalmente uns quinze dias de oito horas de trabalho.

O "Willy Prize", diploma com que José Pires
foi distinguido pelo seu trabalho por um grupo de
admiradores dinamarqueses da série "Rob the Rover"
BDBD - Para espanto de muito boa gente, as suas edições estão a ter sucesso lá fora! Quer explicar-nos como estão as coisas neste momento?
JP - A Internet teve um papel fundamental nisso. Amigos meus noticiaram nos seus blogues as minhas publicações e não tardou que a informação ultrapassasse fronteiras. Agora, como já disse, estou exportando o Rob the Rover em versão inglesa apenas para a Escandinávia, Inglaterra e Brasil. Dá imenso trabalho, mas também muito gozo. E ponho as meninges a trabalhar, em lugar de ir para um banco de jardim jogar à sueca.  

BDBD – Estará implícito nesse gosto que tem pela edição de publicações amadoras, a vontade, quem sabe, de um dia gerir ou criar uma editora profissional? Alguma vez pensou nisso?
JP -­ De colaboração com um professor fanático da BD, estamos a pensar abrir uma loja no e-bay para implementar a exportação dos fanzines em língua inglesa, o Rob the Rover especialmente: uma coleção de 30 volumes!... 

BDBD – O José Pires foi/é argumentista, desenhador, legendador, colorista, coleccionador, tradutor, restaurador, paginador e faneditor! Um curriculum impressionante mas ao qual falta juntar a criação e edição de um blogue ou de uma página web onde divulgue o seu trabalho. Porquê esta pecha?
JP - Fui e sou tudo isso e até me dedico também à literatura. Tenho duas novelas escritas por publicar e concorri a diversos Jogos Florais (Cantanhede, Gandara e Castelo de Vide) onde arranquei os segundos prémios (os primeiros são sempre para os autóctones, claro). Mas também dá imensa auto-estima, palavra.
A organização de um blogue está fora dos meus projectos. Não tenho tempo para tudo isso. Outros que o façam. Editar os fanzines (e faço tudo sozinho!) já me dá um trabalhão dos diabos. Gosto imenso de trabalhar mas tenho a minha dimensão humana: não sou Super-Homem nenhum. E eu abomino os super-heróis, ainda por cima!

BDBD – Sei que tem uma história terminada, com argumento seu e desenho do João Amaral, passada no tempo dos Lusitanos, à espera que uma editora se interesse pela sua publicação. Por outro lado, desenhou um “western”, com argumento de Jorge Magalhães, que está a ser publicado apenas no fanzine brasileiro QI, pelas mesmas razões. Que opinião tem acerca do panorama editorial português? Porque é que há tantos autores portugueses com valor que não publicam regularmente? É um problema de falta de aposta das editoras, de uma má promoção e distribuição dos álbuns ou é o público que não compra?
JP ­- Essa história era baseada no Viriato e começou com um livro que escrevi.
"As Guerras de Fogo", trabalho com
argumento de José Pires (Gus Peterson)
e desenho de João Amaral (Jhion)
O João Amaral desenhou o primeiro volume (eram quatro) mas nem aqui nem em Angoulême se conseguiu vender a coisa. A publicação em álbum é um investimento muito elevado e as editoras só publicam o que lhes parece seguro - não entram em aventuras. 
western a que se refere (Buster from Texas Rangers) estava destinado à Bonelli, mas como fazia concorrência ao Tex ficou pelo primeiro episódio (50 páginas) e não foi aceite. Foi publicado pelo Edgard Guimarães no seu fanzine QI, sim senhor. Mas o argumento não foi do Jorge Magalhães, é também meu. Como dizia o Hermann, se sabes desenhar, também sabes escrever...
As editoras não entram em “aventuras”, como já disse. A minha editora nacional, Âncora Editora, só publica coisas minhas se tiver um patrocinador, como aconteceu com “A Batalha do Bussaco”. Tenho um outro álbum “A Portuguesa - a História do Hino Nacional” que ainda não foi publicado por falta de um patrocinador. Só foi publicado no Jornal do Exército. Os jovens autores nacionais, virados como estão para os Mangá e outras “japonezisses”, ainda estão mais lixados do que eu porque aí não há editora alguma que se abalance a isso. Só vai sobrando o José Ruy, que continua em acção, mau grado os seus oitenta e muitos! Mas ele, em tudo o que se mete tem patrocinador apontado: ele não brinca em serviço! 
Capa e prancha de "Buster from Texas Ranger"...
...e de "A História do Hino Nacional", dois álbuns que aguardam patrocinador...

BDBD – Que história gostou mais de desenhar até hoje, e porquê?
JP -­ Até agora a que mais gratificante e gozo me deu foi o “Irigo” do qual publiquei o suficiente para dois álbuns, nas páginas do Tintin, com o Jean Dufaux como argumentista. Mas a revista acabou antes que o Jean-Luc Vernal fizesse a vontade aos muitos leitores que pediam o Irigo em álbuns. Mas o “Alexandre Dumas” com argumento do Benoit Despas, é o meu álbum mais importante e melhor impresso. 
Página de "Irigo", publicada no "Tintin" belga

BDBD – Há algum tema, alguma história que quisesse abordar em banda desenhada e que ainda não o tenha feito?
JP -­ Tenho o projecto e o guião pronto de um álbum sobre o Capitão Pedro Teixeira, o conquistador da Amazónia, mas até agora não tive feed-back algum das editoras nacionais e brasileiras. 

BDBD – Quer deixar alguma mensagem aos jovens que sonham ser um dia autores de banda desenhada e que eventualmente estejam a ler esta entrevista?
JP ­- Façam! Trabalhem. Tentem fazer coisas que mais ninguém faça. Não sigam no "pelotão"! Sejam originais. Procurem ter qualidade. A qualidade é rara mas vence. Só a mediocridade falha de certeza. Pode mais quem quer do que quem pode. Não desistam. Insistam! 
CR

Capas de José Pires, para o "Cavaleiro Andante" e para "Zorro" (ambas de 1962),
assinadas ainda como "Zé".

Capas de "O Poço da Morte" e "Homens do Oeste",
episódios de Will Shannon publicados pela Editorial Futura (1989)
Prancha de "A Louca Cavalgada Heróica de Vasco Granja" (com argumento de
Jorge Magalhães), inserida num álbum colectivo publicado pela Asa, em 2003.
Prancha de "Saluk Hiah: a Paixão Lendária de uma Princesa Árabe",
BD incluída no álbum colectivo "Salúquia", Ed. Câmara Municipal de Moura (2009)
Prancha dupla de "Alexandre Dumas: Le Diable Noir", Ed. Orphie (2010)
Prancha de "Buster from Texas Ranger", publicada no fanzine "Q.I." (2015)