domingo, 13 de dezembro de 2020

A INFLUÊNCIA DA CENSURA NAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS, EM PORTUGAL (8) - por José Ruy

Caros leitores assíduos do BDBD, venho de novo a este artigo sobre a «censura», pois por lapso meu, não expliquei um pormenor que prometera faze-lo neste último.
Chamado à atenção pelo amigo zeloso e incansável Carlos Rico, aqui estou pedindo que me desculpem pela omissão e a corrigir a falta.
Lusito/Lusido
Uma das personagens que havíamos criado chamava-se LUSITO o militarão do grupo, e este nome estava identificado com a Mocidade Portuguesa.
Quando o Iriarte, do jornal "A Capital", nos convenceu a publicar a história cá, acautelámos não despertar a atenção da censura para as entrelinhas da narrativa. Assim, o título deixou de ser «OS LUSITANSOS», o que denunciava à partida o conteúdo da história, e o Lusito passou a ser LUSIDO, uma vez que todas as personagens eram LUSIS, derivado de Lusitanos.
Na época, pela prática que tínhamos de lidar de perto com esses lápis azuis e vermelhos que funcionavam como «camartelos» de destruição do que fazíamos e idealizávamos, aprendêramos a conhecer o raciocínio dos censores, e assim a maneira de os contornar. 
Um título, a composição da capa de um livro ou a maneira de escrever um artigo no jornal, era pensado em estilo de enigma como uma charada para só ser entendida com inteligência, mas parecer inócuo aos menos dotados.
E eis o motivo da alteração do nome desta figura e que eu não tinha feito a seu tempo.
Desejo que não volte a ter motivo, em minha vida, de contar experiências deste teor, no futuro.
Aqui me despeço destes artigos.
José Ruy

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