domingo, 21 de julho de 2019

HERÓIS INESQUECÍVEIS (65) - JEREMIAH

Pelo sempre avassalador talento de Hermann (aliás, Hermann Huppen ), este herói, mais o seu constante amigo e cúmplice Kurdy Malloy, nasceu em 1979,
estreando-se curiosamente na revista alemã “Zack”.
Foi um êxito imediato! Em brevíssimo tempo, os países francófonos (sobretudo da Europa) o adoptaram em pleno.
Hermann
Mas Jeremiah logo foi enveredando também por uma bela carreira do “soma e segue”, em Espanha, Itália, Holanda, Portugal, Canadá, Estados Unidos, etc.
É um herói-série de exclusiva criação de Hermann, argumentos e arte gráfica.
Actualmente, no idioma francês, conta já com 35 álbuns, cuja série talvez seja, de momento, a favorita do seu autor.
Em Portugal, editaram-se até agora, 13 álbuns.
Capa de "A Noite das Aves de Rapina" - Ed. Meribérica/Liber
Em periódicos, nossos, chegou a ser fugazmente publicada no “Jornal da BD” e nas “Selecções BD.
Num mundo angustiante, cruel e caótico, de um pressuposto tempo “após o Apocalipse”, dois amigos, Jeremiah Kurdy Malloy, atravessam os Estados Unidos, montados nas suas motas ou em cavalos... Têm personalidades diferentes mas são, contudo, bem unidos: Jeremiah, um loiraças musculado, será destemido e um tanto romântico; Kurdy Malloy, mestiço de europeu e índio, é mais frio e, por isso, aparentemente mais insensível.
Zelam um pelo outro e procuram sobreviver corajosamente, não deixando, de certo modo, de serem uma espécie de Cisco Kid modernos e funcionando nas suas fúrias, consoante os ambientes, que combatem a voragem e a volúpia dos perigos que os vão envolvendo.

No ano 2008, os correios da Bélgica editaram um selo em homenagem a Jeremiah e Kurdy Malloy - atenção, filatelistas bedéfilos!
Selo postal belga com Kurdy e Jeremiah
O pior, a traição, é quando o Cinema/Televisão tentam adaptar este ou outros temas similares: foi o caso do seriado “Jeremiah” (2002-2004), inventando com mau gosto, fantasias contra o tema original. As eternas e intoleráveis americanices!...
O actor Luke Perry faz de Jeremiah, mas em nada se aproxima da figura da BD; porém, pior é o caso de um actor negro, Marcel-Jamal Warner, a interpretar Kurdy?!... Um crime, digo eu!... Então, nos tais EUA, não há actores índios (estes é que são os autênticos norte-americanos)?... Não há?! Ou esta substituição racial no elenco é mera e hipócrita penitência dos senhores de Washington (e quiçá, também de Otava) e seus apaniguados, ante os horrores que usaram com a escravatura negra?... Será?
Uma vez demonstrei ao meu bom amigo Hermann, o meu desagrado ante o que os americanos fizeram. Mas ele sossegou-me (por ele próprio), que os direitos para a adaptação da série à Televisão tinham sido vendidos e, quanto a isso, ele já não era tido nem achado. Acatei e calei-me, mas não gostei nada desta troca... e muitíssimos bedéfilos também não.
Hermann (ele é que sabe...) devia ter cuidado melhor pelo tratamento que os gananciosos de além-Atlântico fariam (e fizeram), aos estes seus “filhotes”. Adaptações, podem-se fazer, aqui ou ali, no enredo; mas na troca das características dos personagens, isso nunca!
A terminar, recordo (isto foi autêntico): nos tempos da nefasta e sufocante ditadura de Salazar em Portugal, os norte-americanos quiseram fazer um filme sobre “Pedro e Inês”... Salazar proibiu (desta vez, concordo com o “monstro”), pois os dizimadores das nações norte-ameríndias, iriam certamente aldrabar a História de Portugal, coisa que ele não admitia (salvo quando, bem inter nós, as lendas se iam sobrepondo...).
Até lá, “Bravo Hermann”! E “Bravo, Jeremiah e Kurdy (Uhg!) Malloy”!
LB

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