terça-feira, 17 de outubro de 2017

HISTÓRIAS EM QUADRINHOS - ARTE COM MUITA OFICINA (6)

Por: José Ruy


Harold Foster entintando uma prancha de Príncipe Valente
Outro grande autor norte-americano, tanto no desenho como no argumento, é Harold Rudolf Foster, que se celebrizou com a personagem «Príncipe Valente». Mas este conseguiu um estatuto único na agência «King Features Syndicate». As suas páginas eram concebidas num todo, sem a possibilidade de serem alteradas para outros formatos de jornais ou revistas.
As composições épicas, que por vezes ocupavam quase toda a página numa única vinheta, eram monumentais. Facilmente cativaram o apreço e a admiração do público, e todos os jornais que publicavam a série, nas muitas cidades dos Estados Unidos da América, mantiveram o formato, sem alteração.
Mas será que os seus desenhos foram sempre respeitados no seu enquadramento original? É o que veremos mais adiante. Por agora debrucemo-nos noutro pormenor, também importante.
Bom aguarelista além de desenhador a tinta-da-china, técnica que dominava magistralmente, Foster coloria as pranchas dando largas à sua sensibilidade de pintor. Reparemos, na prancha seguinte, como nas imagens onde se veem os Alpes, no horizonte, ele deixou sem contorno parte das montanhas, criando um efeito de leveza e distância.
Todos os jornais que simultaneamente publicavam a série nos Estados Unidos, usavam as quatro cores, mantendo assim este efeito.
Mas nem a agência «King Features Syndicate» nem o autor contaram com as publicações só a preto e branco, e que foram muitas, principalmente na Europa.
A «King» fornecia aos jornais provas a preto sobre couché, e era assim que O Mosquito na década de 40 do século XX as recebia. Portanto o que não estava contornado a tinta-da-china não aparecia no desenho. E esses belíssimos efeitos de cor nos fundos perdiam-se.

Foster sobrepunha uma retícula no traço negro do desenho, para ajudar a tirar um melhor partido da cor, e na ausência desta mantinha a página com a meia-tinta que destacava os volumes e por vezes também os planos.
Mas não previram o tamanho de certas publicações, que por serem tão pequenas obrigavam a uma redução da página inteira para além dos limites de segurança e do aceitável, e a retícula nessa compressão, ao ser impressa no papel transformava-se num borrão prejudicando o desenho.
(continua)

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