terça-feira, 12 de julho de 2016

BD E HISTÓRIA DE PORTUGAL (11) - "O MAGRIÇO"

Álvaro Gonçalves Coutinho, já no seu tempo conhecido pela afável e popular alcunha de “O Magriço”, é um herói nosso, tanto histórico como lendário, filho de Viseu (distrito), tendo nascido em Penedono em 1383, onde faleceu em 1445.
Mas vamos por partes:
Na Era Medieval, os romances de cavalaria apaixonaram quase todos os países da Europa, e os seus “escritores” influenciaram-se uns aos outros, o que é natural. Pois, tal como a autora-encenadora Luzia Maria Martins citou pela fala de um personagem da sua tão admirável peça “Bocage, Ama Sem Mundo”: “O conceito da originalidade é, afinal, uma ilusão de ignorantes”. Topam?...
Pelos romances de cavalaria, bem no topo, estavam as narrativas do inglês Rei Artur e os seus Cavaleiros da Távola Redonda ou as do rei francês Carlos Magno e os seus Doze Pares do Reino... Em Portugal, sabemos bem (quem estudou) das lendas de O Palmeirim de Inglaterra, de Dom Duardos ou do Amadis de Gaula...
Tempos volvidos, vem uma situação que une três obras: “Os Lusíadas”, “A Ala dos Namorados” e “Os Doze de Inglaterra”. E é por estas três obras que figura heroicamente “O Magriço”.
Álvaro Gonçalves Coutinho fazia parte da briosa Ala (posicionada do lado esquerdo) dos Namorados, que se bateu gloriosamente em Aljubarrota. Isto está registado em “Os Lusíadas” de Luiz Vaz de Camões, adaptado à BD pelo talento de José Ruy...

...e, só focando esta heróica refrega, em “A Batalha” por Pedro Massano.

Mas, também pela BD, “A Ala dos Namorados”, foi maravilhosamente adaptada por José Manuel Soares, com guião de Artur Varatojo, segundo a novela homónima de António Campos Júnior.


Passa-se agora, na nossa 9.ª Arte, à fase do famosíssimo episódio histórico-lendário (que Camões também cantou) de “Os Doze de Inglaterra”: para além  de uma prancha de página inteira publicada no “Cavaleiro Andante” n.º 70, sob o traço de Fernando Bento...

...temos a glória exuberantemente maravilhosa de “Os Doze de Inglaterra” por Raúl Correia (texto) e Eduardo Teixeira Coelho (desenho)...

...constando, também, numa prancha de "Os Lusíadas", pela arte do italo-brasileiro Nico Rosso.

Mas este nosso invejável herói, tão corajoso como romântico, não se fica por aqui na nossa Banda Desenhada. Mais quatro desenhistas o trabalharam por esta Arte em questão: Artur Correia na série “Super-Heróis da História de Portugal”, com texto de António Gomes Dalmeida...

Fernando Santos Costa em “As Aventuras do Magriço” (só foi editado até agora o primeiro tomo)...


Baptista Mendes em “História de Trancoso”...

...e o jovem Pedro Emanuel em “O Magriço”.

Na Literatura, existe uma comédia histórica teatral, de Ruy Chianca, editada em 1925.
Tristemente, não consta no nosso Cinema, nenhum filme sobre “O Magriço”!... Mas, em compensação, a selecção nacional, pela sua participação no Mundial-1966 (em Inglaterra) apelidou-se de “Os Magriços”. Valham-nos os chutos na bola para honrar o magnifico “O Magriço”!
LB

2 comentários:

  1. Caríssimos Luiz Beira e Carlos Rico

    Como sempre, sobre cada tema há uma pesquisa interessante e abrangente, pelo que vos dou o0s parabéns por estas iniciativas.
    No entanto, é sobre o último parágrafo que vou dar uma achega.
    Sabiam que o teatro Nacional de D. Maria II, em Lisboa, foi inaugurado com uma peça de teatro intitulada "O Magriço"? E que esta peça (maravilhosa, por sinal), resultou de um concurso em que saiu vencedora e foi á cena no dia em que o teatro foi inaugurado, o dia de aniversário da rainha? E sabiam que esta peça se encontra publicada pela Imprensa Nacional, com data do mesmo ano em que foi inaugurado o teatro?

    Um grande abraço

    Santos Costa

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caríssimo Santos Costa
      Muito obrigado por esta informação, pois desconhecia este pormenor. Aproveitei este teu comentário e investiguei um pouco mais. Assim, o drama histórico em cinco actos, estreou a 13 de Abril de 1846, e é da autoria de Jacinto Heliodoro de Aguiar Loureiro, tendo a peça por título “O Magriço e os Doze de Inglaterra”.
      Um abraço amigo
      Luiz Beira

      Eliminar