quinta-feira, 15 de novembro de 2012

ENTREVISTAS (7) - CYRIL PEDROSA

Existia, desde 1982, o Salão-BD da Sobreda (concelho de Almada), que se iniciou humildemente, mas com todo o entusiasmo. O seu carola fundador, cedo fez nascer o GBS-Grupo Bedéfilo Sobredense, e tudo foi evoluindo (mas este assunto é provável tema para um futuro próximo...). Em Maio de 2006, data da última edição até agora acontecida, três artistas franceses foram convidados: Annie Goetzinger (a homenageada) e, como "convidados de honra", os luso-descendentes Cyril Pedrosa e David Cerqueira (este, numa atitude bem incorrecta, falhou). Cyril, tal como Annie, chegaram a 26 de Maio e "partiram" a 29...
Cyril Pedrosa
E como, agora e aqui, é de Cyril Pedrosa que se trata, ele logo cativou em absoluto todos os elementos da Organização (GBS e Junta de Freguesia de Sobreda), tendo deixado inapagáveis saudades.
Depois, esteve no Festival da Amadora, cremos que em 2009. E tornou em pleno e em glória ao "AmadoraBD 2012".
Já começa a dizer bem "algumas coisas" no nosso idioma. É neto de portugueses (da região da Figueira da Foz), nasceu em Poitiers a 22 de Novembro de 1972, residindo actualmente em Nantes.
A sua vinda ao Festival da Amadora deste ano, deve-se a um facto raro: dois álbuns seus foram aqui lançados em simultâneo e em edição portuguesa: "Portugal" pela Asa e "Três Sombras" pelas edições Polvo.
Na sua bibliografia contam-se diversos outros títulos, como: "Les Coeurs Solitaires", "Auto-Bio" (em dois tomos), "Ring Circus" (com 4 tomos, dos quais só o primeiro foi editado em português), "Shaolin Moussaka" (3 tomos) e a participação em colectivos como, "La Fontaine aux Fables", o erótico "Premières Fois", "Paroles de Poilus" e "Francis Cabrel". Em conclusão, ainda este ano, "Chasseurs-Cueilleurs".
E ocasionou-se a entrevista que se segue:

BDBD - Dois álbuns teus apresentados em simultâneo na mesma festa-BD. Isto não é lá muito normal, pois não?
Cyril Pedrosa (CP) - Não, não é nada normal. Foi uma sorte. Aconteceu! E deu-me muito prazer, pois até tenho muitos familiares que não falam francês e queriam conhecer/ler as minhas obras... Em especial, "Portugal", por óbvias razões.

Prancha de "Portugal"

BDBD - As tuas presenças nas festas-BD em Portugal começaram no Salão Internacional "Sobreda-BD/2006". O que guardas em ti dessa ocasião?
CP - Para mim, foi um momento muito importante na minha vida. Senti-me tal como descrevo no meu álbum "Portugal. Gostei imenso, tocou-me imenso e logo decidi que iria fazer um álbum versando a minha "descoberta", o meu verdadeiro e consciente encontro com Portugal.

BDBD - Mas a Sobreda era um pequeno Salão... Gostas destas festas pequenas ou preferes as grandes como Angoulême, Barcelona, Amadora?...
CP - Na verdade e em geral, não gosto de ir aos salões-BD. Só vou quando há algo que me entusiasma para tal. Não se trata de saber se o salão é pequeno ou grande... Eles são todos, por norma, repetitivos, e quase sempre, pouco há de novo a entusiasmar-me...

BDBD - "Três Sombras" esteve indicado para ser levado ao Cinema com actores de carne e osso, pelos norte-americanos. Esse projecto foi cancelado?
CP - Não, de princípio, não era pelos americanos, mas pelos franceses. Esse projecto foi, de facto, anulado. Surgiu depois uma produtora norte-americana que estava interessada, caso os franceses não fossem adiante... Entraram em contacto com a Delcourt, a minha editora desse álbum... Aguardo notícias, embora saiba que é sempre muito complicado adaptar a BD ao Cinema.
Prancha de "Três Sombras"
BDBD - A tua tão divertida série "Auto-Bio", vai continuar?
CP - Não...Parei. Não pensava sequer em fazer estas pranchas em álbum... Foram para a revista "Fluide Glacial"... Nessa ideia e nessa continuidade, não iria inventar nada de novo e, para não me repetir, parei.

BDBD - O teu próximo álbum, "Chasseurs-Cueilleurs", versa a solidão de alguns, mesmo quando cercados de uma multidão humana. Sentes também essa solidão?
CP - Sim, creio que como toda a gente. Não é bem o caso de pessoas que vivem sós... Não é propriamente a solidão física, mas a solidão como que de nós próprios... Por exemplo: haver qualquer coisa de belo ou não, mesmo pequena, mas que não conseguimos partilhar com os outros... Este álbum não fala só disto, mas é o ponto de partida.

BDBD - Voltarás a Portugal?
CP - Sim, sem dúvida! Não sei, assim de repente, quando... mas lá para diante veremos. Penso que virei mesmo muitas vezes. E digo-te: até gostaria de ficar por cá a viver algum tempo e então, aproveitar para conhecer mais e melhor Portugal.

Até breve então, Cyril!

4 comentários:

  1. Viva Luiz Beira
    Gostei de ler esta tua entrevista ao Ciryl Pedrosa. Apesar de curta, é elucidativa dos sentimentos dele em relação a Portugal, terra dos seus ancestrais.
    Felicito-te também, com efeitos retroactivos, por teres sido o primeiro a tê-lo trazido a Portugal.
    Abraço.
    GL

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    1. Caro Geraldes Lino
      Obrigado pelas tuas amáveis palavras.
      Com calorosas saudações bedéfilas
      Luiz Beira

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  2. Caríssimo Luíz Beira, não sei se já reparaste mas, chamando "artistas" aos AUTORES de BD estás a enfiá-los no mesmo saco que os "artistas" de circo, de variedades, da TV, etc, etc... Por favor, parem de chamar "artistas" aos AUTORES de banda desenhada. Desculpa lá este desabafo, mas cada vez essa palavra me agonia mais...

    Um abraço,

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    1. Caro Jorge:
      Respeito a tua opinião, mas de modo algum concordo com ela... Claro que uma bizantina polémica sobre este tema, não tem aqui lugar.
      Um abraço amigo
      Luiz Beira

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