Que espanto! Com este álbum, autêntico libelo acusatório, com a incontestável arte (texto e grafismo) deste gigante italiano da Banda Desenhada, quase ficamos cilindrados.
Por norma, conhece-se bem Manara pelas suas narrativas na linha erótica, algumas vezes um tanto abusivas e especulativas. Mas ele teve outras vias criativas...
Desta vez, com “Demain l’Apocalypse” (Amanhã, o Apocalipse), ele arrasta-nos e entusiasma-nos para a ficção-científica através de duas narrativas num só álbum: “Révolution” e “La Fugue de Piranèse”. Sem falhar na sua pontuação de cenas eróticas, o que seriamente importa nestas duas histórias são os temas de acusação sem piedade a situações hipoteticamente futuras, da sociedade e da política, do mundo louco, decadente e prepotente em que vivemos. Não se pode assobiar para o lado ante o que Manara aqui nos alerta! Não, não podemos ignorar estes temas!...
Em “Révolution”, há um paranóico e cruel líder que se faz chamar de “Robespierre”, que instaura implacavelmente a guilhotina... e é a hecatombe de decapitações... Feroz, até certo ponto, este Robespierre até tem alguma razão. Ele “defende” o povo de uma “nova nobreza” capitalista que anestesia e vicia o povo, sobretudo através da sinistra televisão...
Em “La Fugue de Piranèse”, há a paranóia de se querer controlar a Humanidade pelos processos mais incríveis e abomináveis, em nome da “paz” e da “felicidade total”!... A que preço?
“Demain l’Apocalypse” é um álbum que exige a sua urgente edição em português!
BERNARD PRINCE Reeditado - O nosso post a 29 de Novembro de 2012 foi dedicado ao tão popular herói Bernard Prince, cuja série foi quase totalmente desenhada por Hermann. Nunca é demais recordarmos certos heróis-BD, pois tal nunca é tema esgotado devido à sua imensa força de pleno agrado.
A parceria Edições Asa/Leya e jornal Público, já há muito nos habituou, positivamente, às suas periódicas edições de álbuns-BD. Ainda recentemente nos brindou com uma dose de Ric Hochet. Mas este herói tem uma quantidade tal de aventuras que, certamente, dará azo a futuras outras doses...
Agora, finalmente, calha a vez a Bernard Prince: de 11 de Novembro a 27 de Janeiro, às quartas-feiras e com o jornal Público, aí vão estar doze álbuns, albergando quinze aventuras. Quinze, pois três deles, englobarão uma segunda narrativa mais curta, todas com argumento de Greg.
Os onze primeiros têm a arte de Hermann e o último, a de Dany, colega e amigo de Hermann. Com boa vontade e algum lógico “esforço”, a série poderia ficar completa com mais uma meia dúzia de tomos...ou não?
Assim, ficam excluídos, pela arte de Hermann, “A Fortaleza das Brumas”, “Objectivo Cormoran”, bem como o mais recente, criado bons anos mais tarde, “Menance Sur Le Fleuve” (com argumento de Yves H.); e também, as sete curtas e primeiríssimas aventuras de Prince (muitas delas com argumento do próprio desenhista) e as cinco curtas, de uma época bem posterior, pois todas elas, as de “ontem” e as de “hoje”, davam um precioso tomo. Os coleccionadores e os muitos admiradores deste herói, ficariam muito contentes e agradecidos
E para completar - completar mesmo! - tudo ficaria óptimo com a inclusão de “Orage Sur le Cormoran” por Dany e as duas narrativas desenhadas por Edouard Aidans: “La Dynamitera” e “Le Poison Vert”.
E, porque não, muito em breve?
ARÈNE DES BALKANS - Edição Les Humanoïdes Associés. Com base numa ideia de Darko Macan, tem argumento de Philippe Thirault e arte gráfica do jovem português Jorge Miguel, com apoio nas cores de Javi Montes.
Toda a trama, localizada no Canadá e nos Balcãs (Croácia e Bósnia) é inventada, se bem que se inspire em factos reais, Atenção, pois!...
O cidadão Frank Sokol, vinte anos mais tarde, torna do Canadá aos Balcãs, para o funeral de sua mãe. Já viúvo, acompanha-o seu filho, ainda petiz e que não fala o idioma croata... E toda a história é um pesado drama, nada piegas, que nos empolga. Fortemente realista, o aplauso maior vai, com justiça, para a arte do nosso concidadão Jorge Miguel.
TEQUILA MOLOTOV POUR OSS 117 - Edição Soleil. Segundo uma obra de Jean Bruge, tem argumento de Ghief, traço de Pino Rinaldi, cores de Usagi e capa de Stéphane Perger.
Tudo muito bonito neste primeiro tomo da série, com “muita gente” em equipa. Tudo bem, pois os ingredientes deste género de aventuras estão lá todos e provocam um certo e lógico entusiasmo. ..
Mas, porém, todavia, contudo... a narrativa está descaradamente a calcorrear o que já sabemos das aventuras de James Bond!
LB
Sem comentários:
Enviar um comentário