Desde 2014 (que agora se despediu de nós) e até 2018, o mundo evoca (não se comemora o que foi tão trágico e sangrento... apenas se evoca) a Primeira Grande Guerra Mundial (1914-1918), em que o nosso cinzento Portugal também participou, tão heróica como dramaticamente.
Portugal, que então ainda gatinhava pelo seu jovem e confuso regime republicano adoptado em 1910, não sabia bem para onde se virar... Havia um certo tipo de ideias em balbúrdia!
Teoricamente e em princípio, a nossa Pátria tomaria uma posição neutra. Pois sim! A própria Inglaterra, tão nossa "amiga", a tal nos aconselhou e a mesma própria Inglaterra depois nos incentivou a entrar na guerra. Daí que Portugal, de facto, só tenha participado no conflito a partir de 1916.
Acontece que por esses nefastos tempos, África era um continente apetecido e dominado por várias nações europeias: Portugal, Inglaterra, França, Alemanha, Bélgica... Foi o tempo em que Portugal fazia fronteiras directas com a "inimiga" Alemanha (no norte de Moçambique e no sul de Angola) e daí que, já em 1914, portugueses e alemães, nessas regiões, andassem "à pistolada". A Alemanha a querer esticar-se nos seus territórios africanos. Portugal a querer salvaguardar o que era seu... Por aí, a vizinha mais próxima dos dois era a Inglaterra, que mudou de rumo e, por óbvias razões, acabou por solicitar (ou intimar?) que Portugal entrasse em força pelos cenários das infernais "bordoadas" que grassavam... tanto mais que o nosso derradeiro monarca, D. Manuel II, estava exilado e protegido pela monarquia inglesa. Daí que na 1.ª Grande Guerra, o termos combatido com toda a coragem, em África e na Europa. Se há factos referentes localizados na Ásia e na Oceania (Timor), não é do nosso conhecimento.
Para chegarmos aos "finalmentes", há quatro pontos a registar:
1 - Angola (Sul): Aqui, a fronteira era com o Sudoeste Africano Alemão ou Darmalândia, hoje Namíbia.O registo maior, mas histórico e autêntico, foi o nosso "desastre de Naulila" (Dezembro de 1914), com os portugueses entre dois fogos: os alemães e os povos nativos da região. Neste período ficaram notáveis, entre outros, o general José Augusto Alves Roçadas e o tenente Manuel Sereno.
2 - Moçambique (norte): O território a norte do rio Rovuma era o Tanganica (alemão) que, nos tempos actuais e por conveniente união com o sultanato-ilha de Zanzibar é agora a Tanzânia. Nessa fronteira, os combates maiores andavam pela zona de Quionga, com tantos altos e baixos... Por esses tempos e espaços se distinguiram, entre outros, os altos oficiais do Exército, Moura Mendes, Sousa Rosa e Ferreira Gil e o comandante de Marinha, João Belo.
3 - E chega a vez da Europa... Completamente impreparado, o governo português obriga-se ao envio apressado de tanta tropa portuguesa para ir para a Flandres e a França, que tanto luto causou à nossa infeliz Pátria.
O Soldado Milhões |
4 - Aqui, o registo de todo o constante, sofredor e patriótico gesto de El-Rei D. Manuel II (1889-1932) que, exilado e amargurado em Londres, tanto fez por Portugal (quis mesmo alistar-se, o que não lhe foi permitido), donde o seu cognome "O Patriota".
Que a grassante ignorância ante a nossa História investigue e saiba o que deve saber, salvo se optar por continuar entupida...
Que a grassante ignorância ante a nossa História investigue e saiba o que deve saber, salvo se optar por continuar entupida...
E a Banda Desenhada registando esse momentos? Temos:
JOSÉ GARCÊS e A. DO CARMO REIS - uma prancha no 4.º volume de "História de Portugal em BD".
Prancha de "História de Portugal em BD" (volume 4), com texto de A. do Carmo Reis e desenhos de José Garcês (Edições Asa) |
ARTUR CORREIA e ANTÓNIO GOMES DE ALMEIDA registam esta feroz crise no 2.º tomo de "História Alegre de Portugal".
AUGUSTO TRIGO adaptou um texto de A. GUILHERMINO PIRES e desenhou primorosamente "O Soldado Milhões", publicado no #334 do "Jornal do Exército" (1987-1988), reeditado no #1 dos "Cadernos Moura BD" (1999).
Prancha de "História Alegre de Portugal" (volume 2), com texto de António Gomes de Almeida e desenhos de Artur Correia (Bertrand Editora) |
AUGUSTO TRIGO adaptou um texto de A. GUILHERMINO PIRES e desenhou primorosamente "O Soldado Milhões", publicado no #334 do "Jornal do Exército" (1987-1988), reeditado no #1 dos "Cadernos Moura BD" (1999).
"O Soldado Milhões", adaptação de um texto de Guilhermino Pires,
com desenhos de Augusto Trigo (in "Jornal do Exército" #334)
VASSALO DE MIRANDA, no álbum "O Sacrifício" regista a admirável acção do comandante Carvalho de Araújo e sua tripulação, sob publicação de Edições Culturais da Marinha, em 2011.
Duas pranchas de "O Sacrifício", por Vassalo de Miranda ("Edições Culturais da Marinha")
BAPTISTA MENDES: tem muitas narrativas curtas, originalmente publicadas no "Jornal do Exército" e na "Revista da Armada". Desta primeira publicação, regista-se agora o álbum "Portugueses na Grande Guerra 1914-1918", pela Arcádia (2014). Aqui se inclui também a sua versão-BD sobre "O Soldado Milhões".
"Amizade", por Baptista Mendes
(in "Portugueses na Grande Guerra", Edições Arcádia, 2014)
"O Soldado Milhões"", por Baptista Mendes
(in "Portugueses na Grande Guerra", Edições Arcádia, 2014)
"Os Bravos da Serra Mecula", por Baptista Mendes
(in "Portugueses na Grande Guerra", Edições Arcádia, 2014)
"Naulila", por Baptista Mendes
(in "Portugueses na Grande Guerra", Edições Arcádia, 2014)
Quanto ao nosso Cinema, apenas se regista o filme "João Ratão", realizado em 1940 por Jorge Brum do Canto. Apenas ...
LB
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