quarta-feira, 15 de maio de 2013

NA SOMBRA DE HERGÉ...

Hergé, criador de Tintin
Só de passagem, lembramos aqui, essa aparatosa e repulsiva obra cinematográfica spielberguiana (obrigado, Manuel Caldas, por teres compreendido a nossa opinião nada frouxa) que foi o filme "Tintin e o Segredo do Licorne". Um desastre, uma traição!...
Muita gente sabe, e também muita gente não sabe, que há outros três filmes (longas metragens) feitos anteriormente.
Em Cinema de Animação (incorrectamente insultado como "Desenhos Animados"), "Tintin e o Lago dos Tubarões", e com o actor belga Jean-Pierre Talbot, digno, fisionómicamente, após alta pesquisa, com parecenças que não traíssem o aspecto de "Tintin". 
Com este "actor" belga aconteceram apenas duas fitas (uma terceira, ao que consta, ficou apenas idealizada...): "Tintin e o Mistério do Tosão de Oiro" e "Tintin e as Laranjas Azuis".
Agora, vamos lá por partes, sem vaidades intelectualóides:


TINTIN E O LAGO DOS TUBARÕES, foi realizado em 1972, na versão de Cinema de Animação, por Raymond Leblanc e com argumento de Michel Régnier, ou seja, o famoso argumentista Greg (amigo pessoal de Hergé).
Em cima do acontecimento (mesmo assim, o filme que estreou em Portugal no ex-Cinema Condes de Lisboa, era fraco...), esta fita foi directamente adaptada para álbum de Banda Desenhada. E foi publicada, entre nós, sob o denodado empenho de José Luís Fonseca (a propósito, que é feito deste "editor" consciente?!).
O álbum esgotou e, quando a Verbo o quis reeditar, tal foi imbecilmente proibido pelos "patrões hergeanos" da Bélgica!...
Entretanto, ainda nos anos 60 (dos nossos passados recentes milénio e século), surgiram os dois únicos filmes com actores de carne-e-osso.
O problema maior foi o "descobrir" um "Tintin"!... Foram bem aturadas as devidas buscas, até que, numa praia de Ostende (Bélgica), ele lá estava! Tratava-se do jovem desportista Jean-Pierre Talbot, singularmente aproximando-se de como idealizaríamos um "Tintin" de carne-e-osso! Foi, correcto, o actor certo (mesmo que algumas mentes frouxas tal o contestem) para ser um "TINTIN"!
Tais filmes foram: "Tintin et le Mystère de la Toison d'Or" ("Tintin e o Mistério do Tosão de Oiro" - com cenas rodadas na Grécia e na Turquia) e "Tintin et le Mystère de les Oranges Bleues" ("Tintin e as Laranjas Azuis" - rodado parcialmente em Espanha)...
Antes de prosseguirmos, fazemos notar que Hergé não foi tido e quase não achado nos argumentos destes três filmes. Apenas autorizou que usassem os seus personagens. Bravo, Hergé!...
Jean-Pierre Talbot e Hergé
Mas... e Jean-Pierre Talbot?
Pois, nasceu na belga Spa a 12 de Agosto de 1943. Foi na praia belga de Ostende (Bélgica), quando era monitor desportivo, que ele foi "descoberto" para ser... "Tintin". Apresentado a Hergé, este aceitou-o de imediato, pois era fisicamente, um "Tintin" perfeito, um Tintin ado-adulto, não mais uma criança de temerárias atitudes...
Nestes dois filmes, apenas dois actores foram os mesmos: Jean-Pierre Talbolt (Tintin) e Max  Eloy (o mordomo Nestor) e, em ambos, o argumentista  fundamental foi André Barret.
Em 1961, foi realizado "TINTIN ET LE MYSTÈRE DE LA TOISON D'OR" (Tintin e o Tosão de Oiro) por Jean-Jacques Vierne, donde se destacam as interpretações do grande actor clássico francês Georges Wilson (1921-2010)  como "Comandante Haddock" e ainda, Charles Vanel, em participação especial, como "Padre (Ortodoxo) Alexandre" e Georges Loriot como "Professor Tournesol".
Georges Wilson, Charles Vanel e Jean-Pierre Talbot
numa cena de "O Mistério do Tosão de Oiro"
Em 1964, Philippe Condroyer, realizou "TINTIN ET LE MYSTÈRE DES ORANGES BLEUES" (Tintin  e o Mistério das Laranjas Azuis)... que quase deu num fiasco. O argumento não pegou. O talento do actor Jean Bouise (1929-1989), como "Comandante Haddock", foi aqui muito apalhaçado... No primeiro filme "Tournesol" é vivido pelo actor Georges Loriot e no segundo pelo actor espanhol Félix Fernandez, onde aparece também a tremenda Bianca Castafiore, interpretada por Jenny Orléans.
Pedro Mari Sánchez e Jean-Pierre Talbot
em "Tintin e o Mistério das Laranjas Azuis"
Estes três filmes, apesar da sua discutível qualidade, não deixam ser importantes e fundamentais no coleccionismo dos verdadeiros tintinófilos... Ora, pois!
De qualquer modo, para tristeza nossa, tais respectivos DVD's só se encontram em França, Bélgica, Luxemburgo, Suíça... pois, entre nós, nem a "francesa" FNAC os consegue importar!... Uma lástima de todo incompreensível!
Quanto aos respectivos álbuns-BD, directamente adaptados dos filmes, mesmo nos mercados francófonos, são caras raridades....
  

Recordamos, em "fim-de-festa", que... "O Templo do Sol", na Bélgica, foi triunfalmente adaptado a opereta (e gravado, mas num esgotadíssimo DVD) e, há poucos anos, também foi levado ao Teatro (não sabemos se há alguma gravação em DVD de tal espectáculo), na Suíça, a narrativa tintinesca "As Jóias da Castafiore".

"Kuifje en de Zonnetempel" (Tintin e o Templo do Sol),
um dos mais famosos álbuns da série, foi adaptado
a opereta, em 2001, na Bélgica.

Até lá, fiquemo-nos por estas "doideiras" (cremos que positivas, apesar de tudo) na... sombra de Hergé.


Cena de "O Mistério do Tosão de Oiro"

Jean-Pierre Talbot na actualidade
George Wilson, o 1º. "Haddock"
Jean Bouise, o 2º "Haddock"

9 comentários:

  1. Na realidade existe para além das mencionadas, mais uma longa metragem.

    A adaptação directa de "As Sete Bolas de Cristal" e o seu seguimento "O Templo do Sol", tendo esta longa metragem de animação ficado apenas com o nome do segundo álbum.

    É para mim a melhor longa metragem, até esta data, de adaptação do Tintin à 7ª Arte.

    Data de 1969, e conta com grande parte da equipa que realizou depois "O Lago dos Tubarões".

    No entanto, contou com a participação directa de Hérge ao longo do processo de execução, o que não aconteceu neste último filme. Este facto poderá ter sido preponderante no resultado final, tendo em conta a sua constante e reputada exigência.

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    1. Caro Amigo
      Agradeço o seu reparo, mas devo dizer que, intencionalmente, não foquei o filme em questão dado que deriva dos álbuns de Hergé e que tinha a "mão"
      deste. Procurei focar, precisamente, os outros.
      De resto, em 1969, vi no ex-Cinema Condes (Lisboa), essa mesma bela película realizada por Eddie Lateste e do qual, na banda sonora, faz parte a emotiva "Chason de Zorrino", com letra e música de Jacques Brel... Tintin(voz) é interpretado por Philippe Ogouz. Ignoro se existe
      editado em DVD...
      Um grande abraço
      Luiz Beira

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  2. Eu não me importava nada de ler a opinião "nada frouxa" sobre o filme americano! Eu ainda não o vi! Tenho, digamos, medo! Muito medo! Estou a ganhar coragem! Vi os trailers e torci o nariz até hoje. O meu míudo falou mal dele cumó carago! Para finalizar, já perdi a vontade de ver cinema de animação digital! Bem... tirando as curtas da Pixar!

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    1. Caro Mário José
      Grato pelas suas palavras.
      Se tiver coragem, veja o filme... Eu e muitíssima boa gente, ficámos com uma tremenda azia! E mais: bem solidários com o finado Hergé que, a estas horas, ainda deve estar às cambalhotas raivosas lá na tumba...
      Um abraço
      Luiz Beira

      Olá Mário:
      Podes consultar a opinião "nada frouxa" indo a:
      http://bloguedebd.blogspot.pt/2012/10/o-herdeiro-de-herge-yves-rodier.html

      Um abraço
      Carlos Rico

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    2. Amigos
      'Tá visto o texto e o comentário do amigo Manuel Caldas. Quando não se anda em "ribanho", ser-se do contra é... salutar! Quanto ao meu "compatriota" canadiano, sim é um digno sucessor de Hergé. Já agora e por curiosidade, o Quebec é um país dentro de outro!

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  3. Confesso que o filme do Spielberg não me desperta nenhum interesse, embora admire a sua obra, de forma geral. E nunca o vi até hoje porque também não quero ter um ataque de "azia". Toda a propaganda que se fez ao filme não me convenceu e receio que os episódios que estão em rodagem sejam ainda piores... ainda que, por princípio, não goste de dizer mal do que não conheço.
    Nem sei o que é que terá passado pela cabeça de Spielberg para adaptar a figura de Tintin ao cinema, como se fosse uma espécie de Indiana Jones!... Apesar de todos os meios técnicos de que dispõe, devia ter deixado essa tarefa, na minha opinião, para um realizador e um argumentista europeus. Embora Tintin seja uma figura universal, não estou a ver os americanos nem os ingleses a assimilarem todas as virtualidades do personagem e do universo de Hergé, porque o mundo da ficção anglo-saxónica e o da ficção europeia, ou franco-belga, são completamente distintos.
    Um abraço,
    Jorge Magalhães

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    1. Caríssimo:
      Estou plenamente de acordo.
      Um abraço do
      Luiz Beira

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  4. os espanhóis estão com mais sorte do que nós - será que em Portugal há hipótese de obter algumas destas edições que o El Mundo está a lançar

    http://www.tintimportintim.com/2013/04/nova-colecao-de-tintim-na-espanha.html

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  5. Parece que já existe uma edição do "El Tosón de Oro" http://www.pedrorey.com/?p=2890

    El Mundo

    http://www.elmundo.es/elmundo/2013/04/05/cultura/1365185546.html

    http://www.elmundo.es/especiales/2011/10/cultura/tintin/tintin/viajes.html

    http://www.elmundo.es/especiales/2011/10/cultura/tintin/herge/proceso-creativo.html

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