segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

ERA UMA VEZ... AS REVISTAS DE BD

No século passado, pelos anos 30 e até aos inícios dos anos 80, vibrou o fulgor das mais diversas revistas de Banda Desenhada por todo o mundo, onde Portugal também foi bem marcante. Hoje, tudo desse tempo de oiro reside na nossa nostalgia e nas colecções privadas de ávidos coleccionadores. Por vezes, encontram-se algumas em alfarrabistas, mas com um preço cruel.

Revista Spirou (edição belga)
Mas tudo isso acabou?... Não é bem assim! Todas as quartas-feiras, na Bélgica e sob edição Dupuis, a famosa revista "Spirou" continua a vir para as bancas, para aquisição de um incontável número de leitores. Surgiu a 21 de Abril de 1938 e hoje, já vai perto do n.º 4000! Chegou a ter uma efémera edição em português.
Entretanto, as suas congéneres "Tintin", "Pif Gadget", "Pilote", "Vaillant", etc, finaram-se. Apareceram as mensais "Circus" e "(A Suivre)", que também se foram. E mais tarde, também, a "Bodoï " e a "Métal Hurlant"...
Em Portugal, tantas desapareceram, como "Diabrete", "Cavaleiro Andante", "O Mosquito", "Camarada", "Mundo de Aventuras", "Visão", "Flecha", "Pisca-Pisca", "Falcão","Titã", "Zorro", etc, tal como os suplementos "Pim-Pam-Pum" (de "O Século"), "Nau Catrineta" (do "Diário de NotÍcias") e "Notícias Infantil" (do "Notícias" de Lourenço Marques). Em novo sistema, ainda se publicaram "Selecçõs BD" e "O Mosquito", que acabaram... Resta-nos com periodicidade incerta, a "BD Jornal" e a "Zona". Ça ira?...
Em Espanha, as notáveis "Cimoc", "El Víbora" e "Cairo", também não resistiram ao colapso. E na Grécia, a ilustre "Babel" também terá acabado...
Haverá ainda a "(Gisp)" na Islândia?!...
E no entanto...no entanto, pelo mundo francófono, há revistas que insistem (e bem!) pelo seu pugnar pela Banda Desenhada: "Casemate", "dBD", "Fluide Glacial", "L'Écho des Savanes", "Lanfeust Mag" e, mais recentemente, a "L'Immanquable".

 

Mais ou menos similares nos respectivos conteúdos, sempre de tão apetecível leitura, se bem que em saudável concorrência, não se cilindram umas às outras.
E têm, ainda por cima, plena qualidade.
Em gesto paladino, pugnam corajosamente por uma das Artes mais antigas que a humanidade criou. Passam ao lado ou por cima da tão badalada e choramingada crise mundial. Um exemplo notável este, que na Europa culturalmente consciente, não baixa os braço e sabe lutar pelos seus ideiais culturais, neste caso, os bedéfilos.

Nota importante: todas estas seis revistas mensais, atrás citadas, vendem-se em Portugal. Certamente existirão outras dignas publicações do género, mas citamos apenas as mais fundamentais para os que têm o bom gosto e o bom senso de gostar de Banda Desenhada.
 
 

5 comentários:

  1. São de facto grandes revistas!
    Comecei a comprar a Casemate mensalmente e é uma publicação de grande qualidade que me mantêm informado sobre as novidades da BD franco-belga, ao mesmo tempo que me "força" a ler em francês.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro André Azevedo
      As revistas francesas de BD são muito boas em diversos sentidos. Eu, mensalmente, também compro a "Casemate" e a "dBD". Das outras, só às vezes...que os euros são curtos. E é bom que, ao menos via BD, se vá lendo o francês, que é, nos dias de hoje, a língua da CULTURA, tal como era o grego na Antiguidade. Espero que no futuro, não seja o mandarim...
      Um abraço
      Luiz Beira

      Eliminar
  2. Ai ai ... Eu sou da opinião que seria essencial termos uma revista portuguesa de Bd dos nossos autores a sair regularmente para puxar o nosso panorama bedéfilo um pouco para cima. Mas todos com quem falo dizem ser impossivel :S
    Acho que temos autores de qualidade suficientes, pessoas interessadas também suficientes, o problema parecem ser as despesas. Não as do papel, ou as dos autores (muitos deles ou todos, dizem que não dá dinheiro fazer Bd), mas sim as despesas de distribuição.
    Até quando isto?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Caro Luis Sanches
      Não há dúvida que a publicação regular de uma revista portuguesa de BD (quando digo regular quero dizer, mensal) é uma pecha no nosso panorama bedéfilo. O BD Jornal, apesar de ser uma excelente revista, acaba por sair uma ou duas vezes por ano (aproveitando os festivais de Beja e da Amadora) e a Zona (um projecto mais recente) creio que também não ultrapassa esses números. Serão apenas os problemas com a distribuição a principal causa deste cenário? Mas então como é que há tantas revistas (cor-de-rosa, de caça e pesca, de viagens, de saúde, de ciência, de desporto, etc) nas bancas?... Não seria lógico que também elas sofressem do mesmo mal?
      Um abraço
      Carlos Rico

      Eliminar
    2. Caro Carlos Rico
      A opinião das pessoas com quem falei, é a de que as revistas cor-de-rosa (e companhia) têm uma tiragem grande o suficiente para pagarem os tais custos de distribuição e ainda darem lucro. Mas eu penso que isso acaba por ser uma forma de nos resignarmos, infelizmente.
      Uma das possiveis soluções para a tal "utópica" revista de Bd seria ter uma distribuição conjunta com um dos jornais para abater em custos. Mas esse tipo de parcerias parecem ser dificeis de se conseguir.
      Contudo concordo com a indagação "Serão apenas os problemas com a distribuição a principal causa deste cenário?". Acho que de uma forma ou de outra não há um grupo forte e unido o suficiente em Portugal que consiga reunir bons autores em volta de uma iniciativa destas. Acho que também não há verdadeira vontade, porque penso que a tal revista seria possivel fazer.

      Ps - aprecio bastante a Zona mas a verdade é que penso que seria importante haver uma regularidade mensal ou bimestral na publicação para ter qualquer tipo de impacto. E histórias com continuidade para os meses seguintes. Para fazer os adultos e os miudos voltarem por quererem mais.

      Abraço

      Eliminar