quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

ENTREVISTAS (31) - CATHERINE LABEY

Nascida em Évreux (França), a 8 de Setembro de 1945, estudou Artes Decorativas e Pintura em Paris, tendo iniciado a sua carreira profissional em Publicidade.
Em 1970, mudou-se para Portugal, adoptando a nacionalidade portuguesa pouco anos depois, em 1975.
Em Portugal trabalhou em Artes Gráficas, em Publicidade e fez paginação, capas e ilustrações para diversas editoras.
Em 1976, iniciou a sua carreira na Banda Desenhada tendo assinado trabalhos para revistas e jornais como: "Mundo de Aventuras", "Fungagá da Bicharada", "Quadradinhos" (suplemento de A Capital), "BDN" (suplemento do Diário de Notícias)...
"A Carta Roubada", por Catherine Labey (desenhos) e Jorge Magalhães (adaptação de um texto de
Edgar Allan Poe), in "Quadradinhos" (suplemento do jornal A Capital) #72 (31.10.81) a #86 (06.02.82)

"A Carta Roubada" (com texto de Edgar Allan Poe adaptado por Jorge Magalhães) foi reeditada, também, no #4 dos "Cadernos Sobreda BD" (1991) após ter sido publicada antes no "Quadradinhos" (suplemento de A Capital) e no "Mundo de Aventuras" #498 (28.04.83).
Em 1994, participou na banda desenhada colectiva “Maria Jornalista”, no Notícias Magazine, no Diário de Notícias e no Jornal de Notícias.
Foi responsável gráfica pela Editorial Futura, colaborou como colorista para autores como José Pires e Vítor Péon, entre outros, e legendou muitas histórias para autores nacionais e estrangeiros.
Assinou diversos álbuns publicados pela ASA ("Contos de Entre-Douro e Minho", "Contos das Ilhas", "Contos para a Infância de Guerra Junqueiro", "Contos para a Infância de Andersen", "Contos para a Infância de Grimm", "Novos Contos das Mil e uma Noites", "Provérbios com Gatos").
Capas de alguns dos álbuns de Catherine Labey

Em 2003, com outros autores, colaborou no livro de homenagem a Vasco Granja "Uma Vida 1000 imagens", de que foi também a responsável gráfica.
Em 2009 participou no álbum colectivo "Salúquia: a lenda de Moura em banda desenhada", ilustrando uma história com argumento de Jorge Magalhães.
Pelo conjunto da sua obra, recebeu o Troféu Sobredão, nas Jornadas BD da Sobreda (em 1995) e o Troféu Balanito Especial, no salão Moura BD (em 2007).
Foi também galardoada com o Troféu de Honra Zé Pacóvio e Grilinho, no Festival Amadora BD (em 2018).

Catherine recebendo o Troféu Balanito, no salão Moura BD 2007 (à esquerda)
e o Troféu de Honra do Festival AmadoraBD 2018 (à direita)

Tem participado em várias exposições de Banda Desenhada e de Pintura, dedicando-se actualmente mais a esta última arte, com particular relevo para trabalhos em aguarela.
Aguarelas de Catherine

Esta foi a entrevista que nos concedeu há poucos dias e que hoje revelamos aos nossos fiéis seguidores:

BDBD - Após os estudos secundários, frequentou as Belas-Artes, em Paris. Esta “queda” para o desenho e para a pintura nasceram só consigo ou foi algo que herdou da família?
Catherine Labey (CL) - Herdei, sim senhor! Veja só: pai arquitecto, que gostava de pintar aguarela, e irmã mais velha que se formou nas Belas Artes de Paris.
Segui os passos dela… só que queria ir para a Publicidade. Estudei no mesmo ateliê onde ela tinha preparado o acesso às Belas Artes e preparei sozinha o meu portefólio, pegando os slogans das publicidades nas revistas e desenvolvendo outra maquete. Isso fez com que o meu dossiê fosse diferente daqueles que geralmente os alunos apresentavam. Fiz um estágio de um mês numa das maiores agências de publicidade de Paris, o que me ajudou a encontrar, depois, outra agência parisiense onde trabalhar, e aí fiquei um ano.
 
Catherine estudando num ateliê de Belas Artes, em Paris (anos 60)

BDBD - Em 1970 decide emigrar para Portugal. Para alguém que vivia num país com a dimensão de França - em plena liberdade e com um desenvolvimento acima do nosso - não parece ter sido uma escolha óbvia a sua vinda para Portugal. Que circunstâncias a levaram a fazer deste o seu país também?
CL - Foi depois de vir de férias com amigos na Praia de Mira que decidi emigrar pois percebera que as artes gráficas francesas eram bastante apreciadas aqui e vi uma oportunidade para avançar na profissão.

BDBD - Estudou em Coimbra antes de vir para Lisboa e naturalizar-se portuguesa...
CL - Depois do ano lectivo na Universidade de Coimbra, no curso de português para estrangeiros, decidi mudar-me para Lisboa onde se situavam as agências de publicidade e afins. 
Capa para o livro de Luísa Ducla Soares,
"Maria Papoila" - Ed. Cor Infantil (anos 70)
Estudantes amigos dirigiram-me para outros estudantes em Lisboa para arranjar alojamento.
Também foi um dos meus amigos que me arranjou uma entrevista com o director dos Estúdios Cor, amigo do seu pai. Ali trabalhei a fazer capas, paginação e outros arranjos gráficos sob a égide do sr. Correia, um excelente homem que me ensinou muitas coisas sobre a edição. Estive em Lourenço Marques (actual Maputo - Moçambique) onde também trabalhei numa agência de publicidade… estava lá no 25 de Abril de 1974… Foi no meu regresso, em Setembro, que decidi naturalizar-me portuguesa. Fiz o que me aparecia: ilustrações, artes finais...

BDBD - Lembra-se dos seus primeiros contactos com a Banda Desenhada? 
CL - Em França, não tive muito contacto com a BD… Ainda miúda recebia La Semaine de Suzette, onde às vezes havia uma BD. O meu irmão teve o Pilote, que folheava e me interessava mas de leve, sem aprofundar… Lia os álbuns de Tintin em casa de colegas do liceu, pois não se compravam lá em casa...

BDBD - Profissionalmente, a sua entrada na Banda Desenhada deu-se com histórias curtas, publicadas no “Fungagá da Bicharada”, com trabalhos a cores e de temática infantil... e depois no "Mundo de Aventuras", com trabalhos num belíssimo preto-e-branco...
CL - Não há dúvida de que ter amigos é uma bênção!... No regresso de Moçambique, conheci mais pessoas e foi uma delas que me falou dessa nova revista e que procuravam um grafista. Lá fui a uma entrevista… e fiquei desde o n.º 1 até ao fim. Foi no "Fungagá da Bicharada", de Júlio Isidro, que ingressei como arte-finalista: paginação, títulos, legendagem… Ali conheci muitos dos nossos artistas de BD, que me incentivaram a produzir algumas pranchas, que, devo reconhecer, eram um pouco incipientes.
Foi ali que conheci José Garcês, Artur Correia, Zé Manel, Relvas e tantos outros…
Ilustrações para textos de Maria Alberta Menéres, in "Fungagá da Bicharada" (1977-78)
Prancha de "O Gato Aniceto", com texto de Vasco Pereira Costa,
in "Fungagá da Bicharada" (1977-78)
Depois, participei naquela exposição "100 anos de BD em Portugal", com uma história a preto-e-branco, incentivada a participar por José Garcês. Depois, com Jorge Magalhães, publiquei no "Mundo de Aventuras" essa história baseada num conto de Mário Henrique Leiria. E depois, outra e outra, também do Leiria.
Pranchas de "As Portas" por Catherine Labey (desenhos) e Mário Henrique Leiria (texto),
in "Mundo de Aventuras" #276 (18.01.1979)

Já com o Jorge como argumentista, adaptámos Maurice Leblanc, Edgar Allan Poe, sempre para o "Mundo de Aventuras" onde fazia também traduções, desenhava títulos e fazia legendagem, tanto para a Agência Portuguesa de Revistas como para outros lugares. Sempre em colaboração estreita com o Jorge, o meu companheiro. 
Pranchas de "A Prisão de Arsène Lupin", com texto de Maurice Leblanc adaptado por
Jorge Magalhães e desenhos de Catherine Labey, in "Mundo de Aventuras" #434 (04.02.82)

 
Pranchas de "O Passageiro do Navio Fantasma", com texto de Jorge Magalhães (baseado num conto de Edgar Allan Poe) e desenhos de Catherine Labey, in "Mundo de Aventuras" #527 (14.06.84)


BDBD – No “Mundo de Aventuras” há uma história (realizada em parceria com o argumentista e companheiro Jorge Magalhães) intitulada “Lua de Mel no Espaço”. Lembra-se como foi trabalhar nesta história de ficção científica? Como surgiu a ideia e, depois, como a desenvolveram?
CL - Eu não era argumentista… pudera! Não me sentia à altura de escrever histórias (já mudei nesse aspecto!) e tendo o Jorge para as escrever, confiava-lhe esse lado da questão, não é? Para a "Lua de Mel no Espaço" foi ele que me propôs essa história, já com o número de páginas alinhavado. Gosto de Ficção Científica e não me atrapalhei. Eu fazia a découpage das pranchas, esboços muito rudimentares para situar as vinhetas e falávamos… Depois passava ao desenho «a sério» das pranchas a lápis, situando o texto e mostrando ao Jorge para ele dar a sua valiosa opinião, que sempre me dispensou… Eu estava ainda muito «verde» nas lidas da BD. Ele perguntou-me se não me sentia com dificuldades em relação à nave… ao que lhe respondi que só experimentando! Acontece que, anos mais tarde, quando o Geraldes Lino me convidou para a sua tertúlia, fiz, para ser oferecida e leiloada no jantar, uma prancha zero, ou seja, o interior da nave antes de aterrar onde os noivos iniciavam a sua Lua de Mel… com falta de gravidade. Quem a ganhou, para meu grande prazer, foi o amigo Zé Manel. Mas a verdade é que nunca mais tratei o desenho dessa maneira.
Pranchas de "Lua de Mel no Espaço", por Jorge Magalhães (texto) e Catherine Labey (desenhos),
in "Mundo de Aventuras" #329 (24.01.1980)

BDBD - Surgiu, depois, a hipótese de publicar alguns álbuns, em parceria também com o Jorge Magalhães, adaptando contos de Grimm e de Andersen, entre outros. Como era trabalhar com o Jorge (seu companheiro de vida durante cerca de quatro décadas) na produção de uma banda desenhada? Atendendo ao perfeccionismo do Jorge para com todos os detalhes, deve ter sido uma experiência “exigente”, digamos assim, mas, ao mesmo tempo, recompensadora pelos resultados obtidos…
CL - Essa foi uma época áurea da BD Portuguesa! O Jorge fez argumentos para um grande naipe de desenhadores, e eu fazia parte desse naipe! Realmente, estávamos pagos à prancha com uma produção mensal mais ou menos, se me recordo, de oito a dez pranchas.
Capas de "Contos para a Infância dos Irmãos Grimm" e de "Novos Contos das Mil e uma Noites"
Colecção "Histórias Maravilhosas para Crianças" - Edições Asa (1992 e 1993)
Prancha de "Novos Contos das Mil e Uma Noites", com texto adaptado por Jorge Magalhães,
Colecção "Histórias Maravilhosas em BD" - Edições Asa (1993)

BDBD - Esta parceria Catherine/Jorge prolongou-se no tempo e deu excelentes frutos para a banda desenhada. Não falamos só dos álbuns realizados em conjunto. Falamos, também, de publicações várias (revistas, fanzines), blogues (sete no total!) e até um e-book (dedicado a Franco Caprioli)…
Catálogo e e-book dedicados a Caprioli
Tudo isto contou, de forma brilhante, com o trabalho gráfico da Catherine e com a coordenação editorial e os textos do Jorge. Dos muitos projectos em que participaram, qual, ou quais, vos deu mais satisfação realizar e porquê?
CL - Francamente, cada novo projecto era, tanto para ele como para mim, exciting! Abordávamos novos assunto diversos de cada vez. Era para mim um desafio gráfico tratar de temas diferentes. Devo dizer que há só uma coisa que me desgostava: era que, na época, a quadricromia não era digital e várias pranchas a cores tinham desacertos… Razão porque vinte e tal anos mais tarde, retomei as pranchas originais em preto-e-branco, digitalizei-as, aproveitei para corrigir alguns pequenos detalhes e dei a cor no computador para depois publicá-las no meu blogue… sem desacertos!!

BDBD - Dos projectos que, certamente, deixaram "na gaveta", qual aquele que gostariam de ter realizado mas que não foi possível concretizar?
CL - Tenho algumas coisas na gaveta, como histórias de…  gatos! Livros de texto ilustrados ("Os bichinhos da minha vida" e "Memórias de uma gata") prontos para quem quiser publicar.
Projecto de capa para um álbum
de Catherine ainda inédito
Tenho um álbum prontinho a sair que não consegui publicar. Tenho seis livros didácticos 20x20, com ilustrações e texto meus, que encadernei para mim, mas não recebi resposta afirmativa, tanto cá como em França, a não ser de editoras de print on demand, em condições que achei incompatíveis, tanto para a minha bolsa como pela exploração em si.
Jorge tinha-se voltado de novo para a escrita, recolhendo artigos que elaborara em Angola para jornais, e contos publicados ali e acolá desenvolvendo-os. Muitos escritos à mão, em papelinhos como era o seu hábito. Depois eu passava-lhe os textos a computador, por vezes com dificuldade porque ele escrevia em todos os sentidos do papel, com números para seguir a continuação! Mas, de uma maneira geral, percebia os seus gatafunhos e, depois, imprimia para ele reler. 
Esses escritos tenho-os guardados num disco externo, assim como novas histórias que ele escreveu, à espera de serem publicados. A compilação de artigos publicados em jornais, com ilustrações de Trigo e paginação minha, que ele queria ver editado, vai sair em breve pela Ala dos Livros, editora dos seus netos.

BDBD - A Catherine é alguém que tem trabalhado em muitas e diferentes áreas da banda desenhada (como desenhadora, argumentista, colorista, legendadora, tradutora, paginadora, faneditora, etc). Qual destas vertentes prefere e porquê?
CL - Gosto de todas, menos a de legendadora, que era um trabalho terrível. Ficava com a mão a arder do deslizar sobre o papel ou a película, visto que não era como agora, no computador, mas com caneta Rotring. Ficava, ao fim do dia, com uma cova no dedo indicador, e era sempre para ontem! Para as minhas pranchas até gostava, pois as legendas têm ali uma grafia que faz parte do conjunto.

BDBD - A tradução, legendagem e paginação são absolutamente essenciais para que um álbum ou revista de banda desenhada surja nas bancas mas, em geral, esse trabalho passa um pouco ao lado do leitor mais comum. Sente que, por essa razão, uma boa parte da sua carreira não tenha sido suficientemente valorizada?
CL - Para os aficionados da BD, há uma percepção da importância gráfica da legenda. Utilizei várias caligrafias ao longo da minha «carreira» de legendadora que evoluíram, da letra minúscula no Fungagá a várias letras capitais. Demorei a assentar o meu tipo de letra e agora uso tipos de letra encontrados na net na imensa variedade que lá existem.

BDBD - Sendo que a maior parte dos autores da sua geração começaram pelas tintas e godés e não se adaptaram ao surgimento do computador, como conseguiu a Catherine transpor essa barreira de maneira tão brilhante, ao ponto de, hoje em dia, ser uma "craque" do mundo do design gráfico? 
CL - É muito gentil em considerar-me "craque", mas há sempre muito a aprender…
O meu primeiro computador foi um velho Mac do José Pires, que me deu umas dicas. Depois, comprei um PC, sempre mais barato, e tive mais dicas por telefone de Leonardo De Sá, sempre pronto a ajudar. Uma pessoa acaba por fazer as suas descobertas e os seus erros também!... Mas, cada um na sua área. Eu era incapaz de fazer algo administrativo, e já perdi itens depois de horas de trabalho… Acabamos por nos especializar numa área e pronto.

BDBD - O facto de ter tido a seu cargo a parte gráfica de sete(!) blogues, em parceria com Jorge Magalhães, acabava por ser um trabalho a tempo inteiro... Como conseguia(m) dar conta de tanto trabalho?
CL - Bem, por vezes podia ser stressante. Devo dizer que até privilegiava os blogues do Jorge por ele produzir bastantes textos a ilustrar. E confesso que, de um ano e picos para cá, não alimentei quase nada os blogues por ter uma casa para arrumar, especialmente a biblioteca que era desmesurada! Ainda não acabei! Mas os blogues lá estão, com as informações preciosas do Jorge e, de vez em quando, ainda recebo o aviso de novo blogger a visitá-los... 
Alguns dos cabeçalhos dos blogues criados por Catherine/Jorge Magalhães

BDBD - Ser blogger é um vício, uma obrigação para com o público ou uma necessidade?

CL - Acho que é sobretudo o prazer de comunicar descobertas. Por exemplo, no meu blogue dos gatos, fiquei espantada com a diversidade de temas possíveis e com as visitas do mundo inteiro - dos cinco continentes. Penso que hei-de recomeçar a colocar post's quando tiver a casa finalmente pronta... embora não seja para já!


BDBD - Os gatos sempre foram uma das suas paixões, chegando mesmo a ter publicado um álbum de tiras sobre esse tema (“Provérbios com Gatos”) e de ter um blogue também dedicado a estes felinos. Pretende continuar a desenvolver histórias sobre este assunto? 
CL - Pois o tema "Gatos" continua a mexer muito comigo, mas acho que já disse há pouco em que pé estão as coisas... Cheguei a ser contactada por uma revista marroquina (em Agadir) que me pediu autorização para publicar umas histórias que encontraram no blogue. Não pagavam, mas mandaram-me uns exemplares dos dois números onde essas BD's foram publicadas, em francês.
Foi a minha "internacionalização"!...
Prancha de "O gato que procurava um amigo", publicada na revista
"Waz Magazine" #22 (Janeiro.2018) - Ed. Association Waz (Marrocos)
BDBD - A banda desenhada tem sido, ao longo dos anos, um mundo predominantemente masculino. Contudo, essa tendência tem vindo, paulatinamente, a esbater-se e, hoje em dia, há muitas mulheres (algumas delas com carreiras absolutamente brilhantes) a publicar BD. Que abordagens diferentes (ao nível dos temas trabalhados, por exemplo) trouxeram ou podem vir a trazer as mulheres à 9.ª Arte, na sua opinião?
CL - Francamente não sei.Tudo depende da autora, tal como dos autores masculinos. Acho que não há temas específicos para serem abordados por uns ou por outras...

BDBD - Como vê o panorama da banda desenhada actualmente no nosso país e, mais importante ainda, como acha que pode evoluir nos próximos anos?
CL -
A BD Portuguesa tem sempre tido uma evolução distinta das outras artes, a meu ver. Houve a época das revistas como os míticos "O Mosquito", "Cavaleiro Andante" ou "Diabrete", que tive o privilégio de conhecer graças à imensa cultura do Jorge neste campo. Hoje em dia já não há esse veículo. Os álbuns... pois seria preciso haver, por parte das editoras e das gráficas, uma melhor relação financeira com a BD...

BDBD - O mundo da banda desenhada conhece, essencialmente, a Catherine Labey enquanto autora mas, enquanto pessoa, como se define? Que gostos tem? Que passatempos cultiva?... Fale-nos um pouco acerca dessa outra Catherine menos conhecida dos leitores.
CL -
Ah, ah, ah... A música é indispensável!... Antena 2, o Intermezzo (francês), música clássica, especialmente barroca... Não é em vão que tinha uns avós compositores e tenho um irmão músico, que foi director de Conservatórios... Cresci no meio... Os primeiros 78 rotações no gira-discos lá de casa - era eu pequenina - foram os Estudos de Chopin. E o primeiro 33 rotações, a Pastoral de Beethoven. Dos meus CD's, a maioria são clássicos. Também há Jazz clássico...

BDBD - Que projecto gostaria um dia de realizar, se tivesse oportunidade?
CL -
Compilar e publicar tudo o que já fiz com qualidade digital; publicar livros do Jorge, especialmente com temática western... Estou a tentar recuperar os seus textos dispersos... Sonhar é fácil!

BDBD - Muito obrigado, Catherine, por esta entrevista e ficamos, então, a torcer para que esses projectos se concretizem rapidamente.


CR
Auto-retrato de Catherine (pintura a óleo)
Com Jorge Magalhães e Chaves Ferreira, no 4.º Saló del Cómic i la Ilustráció de Barcelona (1984)

Durante o lançamento da segunda edição dos "Contos para a Infância de Andersen", na Amadora (2005)
Prancha de "O Rouxinhol do Imperador", com texto adaptado por Jorge Magalhães,
segunda edição de "Contos para a Infância de Andersen" - Edições Asa (2005)

Tira realizada propositadamente para o catálogo do salão Moura BD 2007, onde foi homenageada.

Com Fabio Civitelli no Salão Moura BD 2007, após receberem os respectivos Troféus Balanito

Com Manara e Jorge Magalhães, o seu companheiro, no Festival da Amadora
Com Zeca, oferecendo a história inédita "Gataria Texiana", numa Mostra do Clube Tex Portugal

 
"Gataria Texiana", história inédita oferecida ao Clube Tex Portugal


Em 2016, com Jorge, espreitando a revista do Clube Tex Portugal (foto: blogue português do Tex)

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