sexta-feira, 28 de novembro de 2014

LITERATURA E BD (5) - BOCAGE

Bocage (1765-1805)
Teve a coragem absolutamente transparente de se auto-retratar num dos seus mais famosos sonetos, que assim começa:

"Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão de altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto ao meio, e não pequeno" (...)

...terminando assim: 

(...) "Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia em que se achou mijando ao vento".

Com admiráveis rimas líricas, não se esquivou à sátira implacável, sobretudo na linha anti-clerical, como em: 

"Bojudo fradalhão de larga venta
Abismo imundo de tabaco esturro
Doutor na asneira, na ciência burro" (...)

...nem a veementes denúncias a dogmas político-religiosos, como desmascara na sua famosa "Epístola a Marília", com versos ferozes, como:

"Pavorosa ilusão da Eternidade,
Terror dos vivos, cárcere dos mortos" (...)

...ou, no final,

(...) "Céus não existem, não existe inferno;
O prémio da virtude é a virtude,
O castigo do vício, o próprio vício".

Admirador absoluto do Príncipe dos Poetas, quase tão sofredor na vida pelos mesmos desencantos e infortúnios, a ele dedica um soneto que começa por,

"Camões, grande Camões, quão  semelhante
Acho teu fado ao meu, quando os cotejo" (...)

...terminando assim:

(...) "Modelo meu tu és, mas... Oh, tristeza!...
Se te imito nos transes da Ventura,
Não te imito nos dons da Natureza".

Outro soneto bem conhecido é o que começa com:

"Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento..." (...)

...mas alguns estudiosos afirmam que este soneto não é de Bocage, mas sim umas rimas forjadas pelo seu seu arqui-adversário, o ex-frade e beberrão (e invejoso) José Agostinho de Macedo, mais conhecido como o "Padre Lagosta"... Ambos se esgrimiam frequentemente com poemas bem impiedosos.
Tudo isto acima registado, era para  aqui necessário, por óbvias razões. 
Estátua de Bocage,
erigida em Setúbal em 1871
Pois bem: Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage, nasceu em Setúbal a 15 de Setembro de 1765 e faleceu em Lisboa a 21 de Dezembro de 1805. Seu túmulo?... Há quem diga que seu corpo se perdeu numa vala comum lisboeta, enquanto haja quem garanta que seu corpo foi achado e transladado para Setúbal...
Ligado familiarmente a celebridades, tanto em Portugal como em França, vibrou sempre pela sua vontade independentista, quiçá indomavelmente rebelde e ousada, usando como arma seus versos, doces quando perdidamente apaixonado, temerários quando atacava todo o tipo de hipocrisias.
O desenrolar da sua vida é, na verdade, muito semelhante ao do seu ídolo Camões: desamores, perseguições, invejas, passagens por cadeias, temporadas e "amores" pela Índia e por Macau, misérias, fome e outros sofrimentos. Na sua ida para a Ásia, por caprichos da viagem, permaneceu por algumas  semanas no Brasil que, parece, foram os melhores tempos da sua vida. Em Lisboa, tanto antes como depois, sempre foi um magnífico boémio, gostando da "pinga" e das belas mulheres, mesmo as inacessíveis.
Em que pode interessar agora Bocage na Banda Desenhada?... É difícil transpor poemas à 9.ª Arte, mas tal acontece, se bem que raramente. Vamos então, bem sentidamente, registar o que até agora conseguimos, pela vida e obra de Bocage, através de várias manifestações das Artes. Começamos (lógico) pela BD:

MANUEL FERREIRA E MARIA DAS MERCÊS DE MENDONÇA SOARES - têm uma biografia em quatro pranchas que foi publicada no n.º 6 da revista "Camarada", 2.ª série, 8.º volume, em Março de 1965.



"Manuel Maria Hedois Barbosa du Bocage",
com desenho de Manuel Ferreira e texto de Maria das Mercês de Mendonça Soares,
(in "Camarada" # 6, 2.ª série, 8.º volume (1965)


BAPTISTA MENDES - uma biografia em duas pranchas, no "Jornal do Exército" em Junho de 1975.

"Bocage", por Baptista Mendes (in "Jornal do Exército" - 1975)


JOSÉ PAULO MARQUES - numa prancha, a adaptação do soneto "Auto-retrato" no "Almada-BD Fanzine" n.º 4.
"Auto-retrato", por José Paulo Marques (in "Almada BD Fanzine" #4 - 1990)


JORGE MIGUEL - em 2009, na colecção "Chamo-me..." pela Didáctica Editora, um volume dedicado a Bocage com capa e ilustrações suas e texto de J.M. CASTRO PINTO.
Capa e página de "Chamo-me... Bocage",
com texto de J.M. Castro Pinto e ilustrações de Jorge Miguel

Mas, há ainda aspectos alusivos na Pintura, na Escultura (em especial em Setúbal e no histórico Café Nicola de Lisboa) e na Literatura mais diversa, donde salientamos, a biografia por Mário Domingues ou as peças teatrais de Romeu Correia e de Luzia Maria Martins. Desta autora-encenadora de alta força cénica, um especial registo: a sua magnífica peça "Bocage, Alma Sem Mundo", que teve como protagonista o actor e poeta Vasco de Lima Couto, que, apesar do feroz corte do censório "lápis azul" do regime salazarista (os zoilos e os bonzos, tantos anos volvidos ainda continuavam activos e prepotentes), foi um êxito histórico na cena lisboeta e, mesmo assim, a Luzia Maria só podia ter a peça em cena no "seu" teatro em Lisboa. Nem sequer a podia levar a Setúbal (!!!), terra natal de Bocage. E foram nove meses (para a época, um triunfo incómodo para a Governo...) de enchentes.
Cena de "Bocage, Alma sem Mundo" com José de Carvalho,
Vasco de Lima Couto, Luiz Beira, Vítor Ribeiro e Joaquim Rosa
Pelo Cinema e Televisão, também existiram algumas sugestivas apostas.
Em 1936, Leitão de Barros realizou "Bocage" com Raul de Carvalho (e a voz doce de Tomaz Alcaide nas respectivas canções), mas este filme "perdeu-se"... 
Em 1955, no Brasil, o actor Jaime Barcellos participou num seriado sobre este tema...
Também no Brasil, em 1997, Djalma Limogi Batista realizou "Bocage, o Triunfo do Amor" com Victor Wagner no protagonista. 
Em 2006, com Miguel Guilherme no papel principal e realização opaca de Fernando Vandrelle, a RTP fez uma série para esquecer, que é ofensa e desrespeito a Manuel Maria du Bocage!
Pior e mais nojento que isto, só as anedotas idiotas, alarves e imbecis, que se contam por qualquer bruta taberna de quem usa e abusa de... 
Não, mais não digo agora! Que Bocage perdoe a cambada de "zoilos" e "bonzos" que continua a envenenar Portugal!...
LB

Registamos ainda e aqui os amáveis apoios que nos foram prestados por Baptista Mendes, Geraldes Lino, José Ruy, Jorge Miguel e Carlos Gonçalves. Obrigado a todos.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

A BD A PRETO E BRANCO (19) - As escolhas de Carlos Rico (9)

GINO D'ANTONIO (1927-2006)
Nasceu em Milão (Itália), e foi mais um dos grandes desenhadores que este país deu à banda desenhada. Iniciou a carreira com vinte anos publicando "Jess Dakota". Fez parte da equipa de Il Vittorioso, onde se estreou com "Il trasvolatore delle Alpi". Escreveu o argumento da série "Historia del West", que desenhou em conjunto com outros autores. Completou "Os Filhos do Capitão Grant" que Caprioli deixara inacabada devido ao seu desaparecimento.

Duas pranchas de "Trouble Shooter", publicado em Inglaterra
Duas pranchas de "A Ponte" (in "Histórias do Oeste" #38)



JOSÉ BAPTISTA (JOBAT) (1935-2013)
Português, nascido em Loulé, José Baptista foi um dos grandes desenhadores da Agência Portuguesa de Revistas. 
Estreou-se com "Ulisses" (em 1956, na Colecção Condor, reeditado em 2005 no n.º 6 dos Cadernos Moura BD). 
Publicou "A Conquista de Santarém" (na Colecção Audácia), "O Voto de Afonso Domingues" e "Luis Vilar" (no Mundo de Aventuras), "La vie passionnant et passionnée de Camões" (no Diário Popular e mais tarde editado em França em formato álbum) e "Trinca-Fortes" (para o Jornal do Cuto).
Coordenou no semanário O Louletano, a excelente rubrica "9.ª Arte", espaço onde divulgou a vida e a obra de alguns dos nossos autores mais consagrados. 
Foi homenageado no salão Moura BD, em 2005, onde recebeu o troféu Balanito de Honra.
Prancha de "Ulisses" (in "Cadernos Moura BD", # 6, 2005)
Tira de "25 de Abril - Requiem por uma Ditadura" (in Diário Popular, 1975)



GEOFF CAMPION (1916-1997)
Nasceu em Coventry (Inglaterra).
Em 1948 começou a desenhar a série de tiras "Professor Bloop", após responder a um anúncio da Amalgamated Press.
Publicou em revistas como Lion, Valiant ou Comet.
Desenhou aventuras de personagens como "Battler Britton" (entre nós, Major Alvega), "Kit Carson", "Buffalo Bill", "Billy the Kid", "Jet- Ace Logan", "Dick Turpin", "Scoop Donovan", "The Spider", "Spellbinder", etc.
Adaptou clássicos como "O último dos Moicanos" ou "Quo Vadis".
Prancha de "Buffalo Bill" (in "Comet" #331)
Prancha de "Major Alvega" (in "Selecções BD" #19, 2000)

Nota: A rubrica "A BD a Preto e Branco" será subdividida entre as escolhas pessoais de Luiz Beira (10 posts e 30 autores) e de Carlos Rico (idem), num total de 60 autores! As duas imagens que ilustram a obra de cada autor foram criteriosamente escolhidas por Luiz Beira e Carlos Rico e por esta ordem serão sempre apresentadas.

sábado, 22 de novembro de 2014

NOVIDADES EDITORIAIS (63)

LA CONJURATION DES RAPACES - Edição Casterman. Argumento de Valérie Mangin e arte gráfica de Thierry Démarez, segundo a série "Alix" criada por Jacques Martin. "La Conjuration des Rapaces" é o terceiro tomo da série "Alix Senator".
Nos tempos do imperador Otávio Augusto, um grupo de senadores conspira para derrubar e assassinar o imperador. Há uma desconfiança e violência entre todos. Ninguém confia em ninguém. Mas a conjura acentua-se na vontade de colocar no poder o jovem Ptolomeu César, dito o Cesarion, filho de Cleópatra e de Júlio César. Alix finge-se também conspirador, situação que não evita que Augusto não tenha atirado para uma masmorra, Enak e Tito (o filho de Alix). Apenas Khefren (filho de Enak) está desnorteadamente contra todos e a ponto de se ir aliar Lívia (ex-amor de Augusto), que é a misteriosa líder dos conjurados...
Uma obra magnífica! Magistral, mesmo!


LES FILS D'APOLLON - Edição Lombard. Argumento de Juanra Fernandez e traço de Mateo Guerrero, que em brilhante parceria, iniciam com este tomo, "Les Fils d'Apollon" (Os Filhos de Apolo), a série "Gloria Victis" (Glória aos Vencidos).
A acção decorre na Ibéria, mais propriamente na Hispânia Citerior Tarraconensis, onde a grande diversão para os grandes senhores e para o povo, são as corridas de bigas, trigas e quadrigas, consoante os carros eram puxados por dois, três ou quatro cavalos, sempre comandados por hábeis aurigas.
As rivalidades eram muitas vezes impiedosas... O adolescente Aélio assiste à morte do pai num destes desafios. E o jovem promete a si próprio que não quer morrer como o pai. Doze anos passaram e, com a intervenção de certos personagens (nem sempre louváveis), a vida de Aélio vai dar uma volta, pois, apesar de tudo, tais corridas estão-lhe no sangue.

LA VAGUE - Edição Dargaud. Argumento de Pierre Boisserie, traço de Georges Abolin (que também colabora no argumento) e cores de Joaquim Royo Morales. "La Vague" é o primeiro tomo da série "Patxi Babel".
A acção decorre no País Basco Francês... Patxi Babel tem dezanove anos e dedica-se, quase que exclusivamente, à sua paixão, o surf. O seu instrutor e violento dominador é o seu pressuposto pai. E, neste ambiente de ondas e vagasPatxi encontra o seu primeiro amor. Mas há, na sombra, os bascos independentistas, tal como na parte espanhola dessa região... Um dia, o jovem descobre que o seu verdadeiro pai é outro e que vive na AustráliaPatxi, sem nada dizer a quem quer que seja, com a sua prancha de surf, apanha um avião rumo às distantes terras, onde espera encontrar o seu autêntico progenitor...


LEGAL - Edição Casterman. Argumento e arte gráfica de Amazing Ameziane, com a colaboração no texto de Cédric Gouverneur. Prefácio de Stéphane Gatignon.
A acção decorre nos futuros anos de 2018 e 2019. Tudo gira pelo escaldante mundo da droga. O presidente da câmara de Nanterre (França), tem um encontro privado na América Central, com os presidentes do México, da Guatemala e das Honduras. Como resolver o problema contra os poderosos cartéis da droga? Um deles propõe que se legalize o canabis. Seria um modo de "cortar as pernas" aos cruéis e insaciáveis barões da droga....
A experiência é feita, mesmo com cultivos e vendas oficiais, até pelo município de Nanterre. Mas será que tudo isso vai resultar?
"Legal" mergulha-nos num mundo de violência, de tristeza e de compromisso. Uma obra amarga e discutível. 
LB

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

DA BD PARA O CINEMA - BENOÎT BRISEFER

Benoît Brisefer
O Cinema (incluindo o Cinema de Animação e os seriados televisivos) não se cansa de adaptar temas da Banda Desenhada, o que nem sempre resulta eficazmente, antes pelo contrário, tanta vez acaba por dar em fiasco ou perto disso, mas conseguindo algumas boas receitas de bilheteira devido a uma intensa jogada publicitária.
Calhou agora a vez a Benoît Brisefer, cujo  filme é adaptado da sua primeira grande aventura, "Les Taxis Rouges" (Os Táxis Vermelhos), com estreia anunciada pelas bandas francófonas para 17 de Dezembro. Enfim, um brinde natalício para a pequenada.
Benoît Brisefer (que em Portugal foi conhecido por João Valentão!!...) nasceu a 15 de Dezembro de 1960, na revista belga "Spirou", sob o talento de Peyo (Pierre Culliford, 1928-1992). 
Peyo (1928-1992)
No decorrer da série, a Peyo sucederam outros continuadores, como os desenhistas François Walthéry, Albert Blesteau e Pascal Garray. Em Portugal, conheceu dois álbuns pelas Ed. União Gráfica e foi também publicado em "Nau Catrineta", "Jacaré" e "Pisca-Pisca".
E quem é Benoît Brisefer?... Um petiz de dez anos que tem a particularidade de possuir uma força sobre-humana, que perde sempre que se constipa. Com uma certa poesia, as suas aventuras versam o policial, o fantástico e a espionagem.
Pois o cineasta francês Manuel Pradal acaba de transpôr ao Cinema, precisamente, "Os Táxis Vermelhos", com o garoto Leopold Huet (como Benoît Brisefer), Jean Reno (no vilão Poilonez) e Gérard Jugnot (o taxista Jules Dussiflard, amigo e cúmplice do pequeno herói).
Trailer do filme "Les Taxis Rouges"

E agora, a grande novidade: este filme foi integralmente filmado em Lisboa e do elenco fazem parte onze actrizes/actores portugueses (do nosso Teatro, Cinema e/ou Televisão) a saber, Lídia Franco, Paula Guedes, João Maria Pinto, Cândido Ferreira, Ivo Alexandre, Luís Romão, Joana Mendes, Margarida Bento, Frederico Amaral, Cecília Henriques e Pedro Martinho. E esta, hein?!...
Esta acentuada participação portuguesa será talvez um bom estímulo para vermos este filme exibido entre nós. Será?...
LB


Capa do álbum que deu origem ao filme
O cartaz anunciando a estreia para 17 de Dezembro
Léopold Huet, o jovem protagonista
Vinheta de "Les Taxis Rouges"

terça-feira, 18 de novembro de 2014

ACONTECEU... AMADORABD 2014

De 24 de Outubro a 9 de Novembro, aconteceu a 25.ª edição do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, pelo que a organização está de parabéns da parte do BDBD.
Segundo dados oficiais, houve um acréscimo de público este ano. Cerca de 30.400 pessoas puderam visitar as 25 exposições que compunham o festival: 16 no Fórum Luiz de Camões, na Brandoa, e 9 espalhadas por vários locais na Amadora e em Lisboa. Algumas dessas exposições valeram, de facto, a pena ser visitadas, outras nem tanto. 
Gostámos em especial dos espaços dedicados a Batman (embora "curto" atendendo a que se comemoravam os 75 anos do personagem)a Joana Afonso (e ao seu álbum premiado "O Baile") e aos jovens criadores da portugalidade (com exemplos de Angola, Moçambique, Brasil, Cabo Verde e Portugal). Também a exposição dedicada ao Surfista Prateado merece justos aplausos da nossa parte, bem como as dedicadas ao cartunista Henrique Monteiro e a Osvaldo Medina e o seu "Super Pig". O espaço de 25 anos de autógrafos no AmadoraBD, embora simples, estava agradável. 
Porém, nem tudo são rosas... E, ao indicarmos os "espinhos", tal não significa, de modo algum, que apontemos os defeitos com o gratuito prazer de apenas "deitar abaixo", como muitos fazem. E não somos também de dar elogios hipócritas pela frente e depois, nas costas, mordermos. Somos frontais e daí, sinceramente amigos. Estamos entendidos?
O maior erro com que deparámos foi vermos a exposição de Baptista Mendes "exilada" na Câmara Municipal, sem público visitante!... Ora Carlos Baptista Mendes foi, muito justamente, o artista homenageado e por tal razão, merecia um espaço honroso e condigno no Fórum. Tal como teria merecido a exposição comemorativa dos 70 anos de carreira de mestre José Ruy, que estava relegada para o CNBDI!... 
Mas estes reprovativos disparates não foram uma estreia, pois já há alguns anos, por exemplo, a respectiva exposição dedicada a Carlos Alberto, estava "perdida" na Casa Roque Gameiro!... Isto é um atentado, que não perdoamos, ao respeito e admiração que se deve aos nossos grandes criadores da 9.ª Arte! A ideia de se espalharem exposições por outros espaços, talvez aceitemos, mas eles deveriam ser bem mais próximos uns dos outros. De qualquer modo, os honrosos, deveriam localizar-se no bloco central e fundamental, o Fórum Luiz de Camões.
Por outro lado, quinze dias de uma efeméride onde se tenta "meter o Rossio na Rua da Betesga", torna-se anedótico, o que, indirectamente, nos fez lembrar o divertido filme "A Mania das Grandezas" (La Folie des Grandeurs), com pândegos desempenhos de Louis de Funès e Yves Montand. Mas o filme é para rir e o Festival não.
De resto, a apresentação do Festival (no Fórum) estava mais arejada, mas com menor qualidade em relação a edições anteriores. De qualquer modo, cada paróquia é que sabe como deve exibir a respectiva procissão pascal. A bom entendedor...
Quanto aos premiados temos:

Melhor Argumento para Álbum Português
André Oliveira, Hawk (Kingpin Books)

Melhor Desenho para Álbum Português
Pedro Massano, A Batalha 14 de Agosto de 1385 (Gradiva)

Melhor Álbum de Autor Português em Língua Estrangeira
Safe Place, de André Pereira e Paula Almeida (Kingpin Books)

Melhor Álbum de Autor Estrangeiro
As Serpentes de Água, de Tony Sandoval (Kingpin Books)

Melhor Álbum de Tiras Humorísticas
No Presépio, de Álvaro e José Pinto Carneiro (Insónia/Álvaro Santos)

Melhor Ilustração de Livro Infantil
Vera Tavares, Lôá Perdida no Paraíso (Tinta da China)

Prémio Clássicos da 9.ª Arte
Maus, de Art Spiegelman (Bertrand Editora)

Melhor Fanzine
Espaço Marginal, de Marco Silva (Instituto Politécnico de Beja)

Troféu de Honra
Carlos Baptista Mendes

E, a finalizar, deixamos uma palavra de agradecimento à gentileza como sempre somos recebidos.
LB


A imagem gráfica do Festival com desenho de Joana Afonso
Luiz Beira e Baptista Mendes observando atentamente a exposição sobre os 75 anos de Batman
A cenografia da exposição sobre os 75 anos de Batman vista de outro ângulo
Alguns dos quadros desta exposição
"A Internet Quebrando Fronteiras", exposição colectiva com uma apresentação simples mas agradável


Exposição sobre "O Baile", álbum de Joana Afonso e Nuno Duarte, premiado pelo festival em 2013


"Os 50 anos de Mafalda", uma das exposições com mais público


Baptista Mendes folheando um álbum na zona de leitura
Dois álbuns de José Carlos Fernandes na mesma zona de leitura


A exposição de autógrafos dos 25 anos do Festival

Luiz Beira, Baptista Mendes, João Mascarenhas e Diogo Campos, com ares de "pistoleiros".
Exposição da ilustradora Catarina Sobral
 "O Super Pig", exposição de Osvaldo Medina


Exposição sobre o "Surfista Prateado"
A exposição de Baptista Mendes (justamente homenageado com o "Troféu de Honra AmadoraBD 2014"),
ficou infelizmente "exilada" na Galeria Artur Bual, na Câmara da Amadora